Contactado pela Lusa, o presidente da Federação Distrital do PS do Porto, Nuno Araújo, disse ter "plena confiança" em Paulo Esteves Ferreira enquanto vereador e cabeça de lista pelo PS ao município de Valongo nas autárquicas deste ano.
"Temos de deixar a justiça fazer o seu trabalho. Uma coisa não interfere com a outra", referiu.
O vereador e vice-presidente, Paulo Esteves Ferreira, que tem os pelouros das obras municipais e o licenciamento de obras particulares, foi hoje constituído arguido na sequência das buscas da Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de corrupção no licenciamento de um restaurante da cadeia McDonald's.
A notícia foi hoje avançada pelo Jornal de Notícias e fontes policiais adiantaram à agência Lusa que em causa estão suspeitas de corrupção e de outros crimes económicos envolvendo o vereador, um gestor de imobiliário da McDonald's Portugal e um promotor imobiliário.
Os três visados foram constituídos arguidos no âmbito deste inquérito, que investiga crimes de corrupção nos setores público e privado, prevaricação e violação das regras urbanísticas.
Segundo as mesmas fontes, o promotor imobiliário terá dado patrocínios ao Clube de Propaganda de Natação de Valongo, obtendo, supostamente, como contrapartida do vereador, "facilidades e rapidez" no licenciamento urbanístico de um restaurante da multinacional.
Do funcionário da McDonald's Portugal, o empresário ligado ao ramo imobiliário receberia "informações privilegiadas" sobre as novas lojas que a cadeia internacional pretendia construir no Norte do país, nomeadamente no concelho de Valongo.
Em troca destas informações, o funcionário da multinacional da restauração terá recebido dinheiro do empresário, em várias ocasiões, entre 2020 e 2022.
A concelhia de Valongo do PS aprovou em novembro o nome de Paulo Esteves Ferreira para cabeça de lista àquele município do distrito do Porto nas eleições autárquicas deste ano, para suceder ao socialista José Manuel Ribeiro, que cumpre o terceiro mandato.
Paulo Esteves Ferreira lidera também a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Valongo.
Contactada pela Lusa, a McDonald's Portugal confirmou que "face ao processo de investigação estar a decorrer, o colaborador não vai exercer funções até ao apuramento dos factos".
A McDonald's Portugal afirmou ter tido conhecimento das suspeitas que recaem sobre a atividade do colaborador pelas autoridades e adiantou estar a colaborar com a justiça.
"A McDonald's Portugal está a colaborar com a justiça e disponível para prestar todos os esclarecimentos necessários com vista a se apurar, o mais rapidamente possível, a veracidade dos factos", acrescentou.
A Lusa tentou também contactar o vice-presidente da Câmara de Valongo, mas tal não foi possível.
Além da Câmara de Valongo, os inspetores da PJ estão a realizar buscas em empresas em Braga e no distrito de Lisboa, nomeadamente às sedes da empresa imobiliária e da McDonald's Portugal.
"A Câmara Municipal de Valongo confirma a presença de elementos da Polícia Judiciária nas suas instalações, no âmbito de uma investigação relacionada com processos urbanísticos, tendo prontamente disponibilizado todos os documentos solicitados. A autarquia está totalmente disponível para continuar a colaborar com as autoridades e para prestar todos os esclarecimentos adicionais que sejam solicitados", refere o município, em resposta enviada à Lusa.
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