A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, recordou, esta segunda-feira, Alcinda Cruz, a mulher morta pelo marido à frente dos filhos menores, no Barreiro, e frisou que "cada morte por crime de violência doméstica não pode deixar de pesar na consciência de todos".
"Estamos no distrito onde morava Alcinda Cruz antes de morrer, violentamente, em sua casa, numa noite de janeiro à frente dos filhos", referiu a ministra na inauguração do Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) do Seixal.
"A sua morte deve pesar-nos na consciência. Aliás, cada morte por crime de violência doméstica não pode deixar de pesar na consciência de todos: os que têm responsabilidades judiciais, policiais, sociais, familiares e políticas", acrescentou.
Rita Alarcão Júdice defendeu que uma morte por violência doméstica deve também "pesar em toda a sociedade que ainda educa para a violência e que ainda educa para a desigualdade entre homens e mulheres, que normaliza determinados comportamentos e que tantas vezes opta pelo silêncio".
Frisando que só em 2024 foram instaurados 2.370 "processos por suspeitos da prática do crime de violência doméstica" na secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Seixal, a ministra da Justiça questionou: "Quantos mais serão precisos? Até onde vão estes números que ceifam vidas, destroem famílias e marcam com traumas o futuro de muitas crianças? Até onde?".
A governante enalteceu que, além de ministra da Justiça, é "mulher, mãe e tia" e deixou umas "palavras finais" para as mulheres vítimas de violência doméstica.
"Primeiro, não estão sozinhas. Há pessoas que podem ajudar e há ajudas disponíveis. Falem e procurem ajuda. Segundo, denunciem: aos amigos, aos colegas, às autoridades. Terceiro, tenham coragem de se libertar da violência de parceiros atuais ou antigos. Têm direito a viver seguras, sem medo. Quarto, se houver dúvidas sobre se um comportamento é normal ou não, perguntem. Se têm dúvidas sobre se são vítimas de violência doméstica ou não, perguntem", aconselhou.
No seu discurso, a ministra destacou que "a denúncia do crime é um ato de coragem" e agradeceu também o "trabalho, esforço e empenho" dos polícias, magistrados e técnicos de apoio à vítima.
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