Diego Marín, de 62 anos, conhecido como 'Papá Smurf' ou 'Smurf', é suspeito de liderar, desde 2023, uma rede criminosa que se dedicava ao contrabando e à prática de crimes contra a administração pública, subornando funcionários públicos de diferentes entidades.
Foi detido em 3 de dezembro na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, após escapar de Espanha, quando aguardava, em liberdade, o desenrolar do pedido de extradição feito pelas autoridades colombianas.
Na oposição à extradição enviada ao Tribunal da Relação do Porto (TRP), a que a agência Lusa teve hoje acesso, o homem, considerado o "maior contrabandista" da Colômbia, nega a prática de qualquer crime e apela às autoridades portuguesas para que não o extraditem para o seu país de origem, onde diz ter "uma pena de morte" à sua espera.
"A extradição do requerido [Diego Marín] e a eventual recusa da sua proteção internacional pelo Estado português equivale de forma garantida a uma pena de morte, embora contra si não conste nenhuma acusação por parte da Colômbia pelo cometimento de algum crime naquele território", refere o documento, assinado pelo advogado Vítor Parente Ribeiro.
Marín, que está em prisão preventiva no Porto, tem ainda dois recursos pendentes: um relacionado com o pedido de asilo, já negado anteriormente pelas autoridades portuguesas, e outro no Tribunal Constitucional sobre os fundamentos da detenção, depois de o Supremo Tribunal de Justiça não ter admitido um primeiro recurso.
As autoridades da Colômbia querem acusar Diego Marín de contrabando, suborno e participação numa organização criminosa.
Em 01 de fevereiro, o Presidente colombiano pediu a Portugal que extradite Diego Marín.
"Espero de Portugal a extradição do maior contrabandista da história contemporânea da Colômbia. O grande contrabando é o branqueamento de capitais dos grandes traficantes de droga", escreveu Gustavo Petro, na rede social X.
Segundo o chefe de Estado, Marín "infiltrou-se nos governos até ao âmago para continuar a destruição da indústria nacional e o branqueamento de capitais através do contrabando".
Poucos dias depois, o Presidente colombiano negou qualquer ligação ou reunião com Diego Marín, que terá, supostamente, contribuído com uma grande quantia de dinheiro para a sua campanha eleitoral de 2022.
A reação de Gustavo Petro surgiu após órgãos de comunicação social colombianos noticiarem que 'Smurf' doou 500 milhões de pesos (cerca de 117 mil euros) à campanha presidencial, sublinhando que Petro e o novo chefe do Gabinete Presidencial, o ex-embaixador Armando Benedetti, se reuniram com Marín, em Espanha, em janeiro de 2022.
"Nos últimos tempos, os órgãos de comunicação social da Colômbia lançaram boatos de que o requerido tinha apoiado financeiramente a campanha política do atual Presidente. Assim, o próprio Presidente da Colômbia, com vista a procurar demonstrar que tal não correspondia à verdade, passou a perseguir também ele o requerido. O requerido encontra-se a ser perseguido politicamente", lê-se na oposição à extradição.
A defesa de Marín considera que Petro está "a exercer toda a pressão" para que o seu cliente seja extraditado.
"A intervenção do Presidente no pedido de extradição do requerido diz bem da falta de isenção e imparcialidade no processo de extradição. A falsidade destes processos conduziu a que o Estado colombiano colocasse em risco a vida, a segurança e a integridade do requerido e da sua família, os quais são submetidos a constantes ameaças contra sua vida", denuncia Vitor Parente Ribeiro.
O advogado salienta que é o seu constituinte que "tem vindo a denunciar a corrupção existente" na Colômbia, razão pela qual "passou a ser pessoa 'non grata', perseguido pelo próprio Presidente da Colômbia, que assume a sua detenção como um assunto de cariz pessoal".
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