"É uma crise política em que já temos como derrotados os portugueses e o país", disse a socialista em declarações à Lusa.
Insistindo que é o país que perde face a um cenário de eleições antecipadas, Luísa Salgueiro, que também lidera a Câmara Municipal de Matosinhos, no distrito do Porto, considerou que a crise foi gerada por "uma irresponsabilidade sucessiva por parte do Governo e do seu primeiro-ministro que foi condicionando o PS" que, na sua opinião, "continua a ser o único adulto na sala".
"É [PS] o adulto na sala. Foi quando viabilizou o programa de Governo, foi na eleição do presidente da Assembleia da República, foi ao viabilizar o Orçamento do Estado e, agora, ao ter dado condições para que o Governo continuasse em funções", frisou.
E acrescentou: "Mas o Governo não quis e com esta opção da moção de confiança não deixou alternativa".
A autarca recordou que o PS, ao não viabilizar a moção de censura apresentada pelo PCP, dava condições ao Governo para continuar em funções.
Considerando que a situação à escala mundial, europeia e nacional exigia "mais responsabilidade" do Governo, Luísa Salgueiro lembrou que há decisões a tomar que já não serão possíveis porque são decisões estruturais e o país fica, desta forma, "mais uma vez em modo pausa".
A autarca reforçou que há processos em curso que deviam ficar concluídos este ano e que, por força desta crise, não ficarão apontando, como exemplo, a nova lei das finanças locais.
Lembrando que o país vive um momento extraordinário em termos de execução de recursos, devido ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030, a presidente da ANMP sublinhou que, neste momento, é no poder local que reside a capacidade do país de continuar a executar os investimentos essenciais para o futuro das populações.
"Mais uma vez serão os autarcas a prosseguir o trabalho para que possamos atingir as nossas metas", salientou.
"Os municípios ficam, mais uma vez, isolados na execução de todos os investimentos principais do país porque em termos de administração central não existe essa capacidade e somos nós, as autarquias, que continuamos a garantir que as políticas de habitação e de mobilidade possam prosseguir e que os equipamentos possam ser reabilitados", vincou.
O Presidente da República admitiu hoje eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada na quarta-feira no parlamento, Marcelo convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
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