O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse, esta quinta-feira, que a moção de confiança é "a última oportunidade" que o Parlamento tem para conceder ao Governo a oportunidade de executar o seu programa.
"O meu desejo é de, nesta fase, poder submeter ao Parlamento a moção de confiança que o Governo hoje mesmo aprovou e por via disso dar a última oportunidade aos partidos com representação parlamentar de concederem ou não ao Governo a possibilidade de o Governo executar o seu programa", referiu o primeiro-ministro em declarações aos jornalistas em Bruxelas, na Bélgica.
"Se, como está mais ou menos pré-anunciado os partidos de oposição entenderem que o Governo não tem condições para executar o seu problema, terá de ser o povo português a resolver esse impasse", acrescentou.
O chefe de Governo foi ainda questionado acerca da intervenção de Luís Marques Mendes, que apelou que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que este fizesse o máximo para evitar eleições.
"Tive conhecimento muito fugaz de que havia uma proposta no sentido de esgotar todos os instrumentos e diligências para poder evitar que o país tenha uma necessidade de auscultação do povo português", disse, garantindo, reforçando: "Da parte do Governo estamos a fazer aquilo que nos compete. Estamos a dar as respostas que são necessárias, a interagir no plano parlamentar com as demais forças políticas e, como disse há pouco, estamos a dar ao Parlamento a última oportunidade para poder dar a legitimação de que o Governo precisa para executar o seu programa."
Montenegro relembrou a tomada de posse, que aconteceu há cerca de um ano, referindo: "Continuo a dizer o mesmo. Se o Parlamento disser que não confia no Governo para executar o seu programa, não me sinto legitimado para continuar e tem de ser o povo a resolver essa questão. Visto que no plano parlamentar não se apresenta mais nenhuma solução de Governo. Se alguém tiver uma solução de Governo alternativa que possa gerar no Parlamento a confiança que, pelos vistos, não existe neste Governo, terá de a apresentar", atirou.
Ainda confrontando sobre a denúncia anónima que a Procuradoria-Geral da República recebeu sobre a empresa familiar Spinumviva, Montenegro disse que "não poderia fazer nada quanto às denúncias anónimas" e que já foi alvo de "procedimentos desses."
"Como tenho a minha consciência tranquila e tenho, aliás, responsabilidade acrescida até pela minha formação de saber medir bem a licitude dos meus atos, tenho a absoluta certeza de que não cometi nenhuma ilegalidade nem nenhuma ilicitude", reforçou.
E sobre a cimeira em Bruxelas?
Antes de ser questionado acerca de assuntos internos, Montenegro falou acerca da reunião, dizendo que "é muito importante que possamos não só reafirmar o nosso apoio à Ucrânia como alavancar um novo ciclo de políticas e defesa e segurança na UE".
O chefe de Governo referiu que "Portugal será parte de um esforço que possa desembocar em alcançar acordo e promoção de garantias" de segurança na Ucrânia. "Queria também destacar que este foi um Conselho Europeu com componente estratégica de decisão muitíssimo importante e relevante para o futuro da Europa", considerou, falando da proposta da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, proposta esta "construtiva, ambiciosa, equilibrada e flexível para fortalecer a política de defesa e, sobretudo, o seu financiamento em termos de um projeto comum".
Questionado acerca de armas nucleares, Montenegro disse que na cimeira se falou do fabrico de equipamentos militares e também da "possibilidade coordenada de podermos proceder às diligências para nos apresentarmos com a possibilidade de sermos suficientemente robustos para dissuadir aqueles que possam ter a ousadia de colocar a nossa segurança e paz em causa em não o fazerem."
"A Europa precisa de ser mais autónoma na sua capacidade de assegurar essa política de dissuasão", atirou, afirmando que não estava a renegar alianças 'extra'. "Somos um Estado-membro que não pode continuar a faltar ao seu compromisso", acrescentou.
[Notícia atualizada às 20h14]
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