O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defendeu esta sexta-feira que a moção de confiança apresentada pelo Governo é "inevitável" e acusou o Partido Socialista (PS) de "criar um clima de suspeição permanente".
"A votação de uma moção de confiança e a clarificação sobre se o Parlamento confia e aceita as condições de governabilidade parece, neste momento, inevitável", garantiu o ministro em entrevista à RTP 3.
Leitão Amaro afirmou que o Executivo "veio para transformar" e "não para estar no poder" e está ciente que "a maioria que suporta o Governo é uma maioria limitada" porque as "oposições têm mais votos".
"É um exercício normal, embora afete a governação, quando o PS e o Chega se juntam para bloquear a governação e aconteceu várias vezes", considerou o ministro, afirmando, contudo, que o que está agora em causa é uma "oposição sistemática anunciada pelo maior partido da oposição".
"[O PS] Não exerce apenas o bloqueio, mas cria um clima de suspeição permanente", atirou.
E exemplificou: "Primeiro vota contra uma moção de censura, a seguir abstém-se. E, ao mesmo tempo, diz 'estou a votar assim, mas não confio no Governo, acho que o Governo não tem condições para governar'. Está a dizer que não tem confiança".
Sobre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ter apelado esta sexta-feira a que o Governo "não avance com a moção de confiança", Leitão Amaro afirmou que o partido deve ser "coerente".
"Que seja coerente se não quiser eleições. Se o PS verdadeiramente não quer eleições e quer continuar a fazer um exercício de degradação lenta com um clima permanente de insinuações e de suspeita e de bloqueio em conluio com o Chega... Se é isso que quer, não há condições para continuar a transformar", atirou.
Leitão Amaro garantiu que o Governo não quer eleições, mas sim provar aos portugueses que o "país precisa de um Governo com capacidades para governar e transformar, e, para isso, precisa de condições".
"Preferimos mesmo que não haja eleições. Se quisessem eleições, o primeiro-ministro ou o Governo tinham-se demitido, mas não o fizemos", acrescentou.
O ministro reiterou ainda que o Governo "não pediu que haja eleições", mas sim uma "clarificação do Parlamento expressa e coerente".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recorde-se, avançou com a apresentação de uma moção de confiança no arranque do debate da moção de censura do PCP - esta última que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República.
Se a moção de confiança for também rejeitada, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
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