"Tratado desumanamente". Fábio Loureiro em "greve de fome" na prisão

Fábio Loureiro foi o primeiro, dos cinco fugitivos de Vale de Judeus, a ser capturado pelas autoridades, a 6 de outubro de 2024, em Tânger, Marrocos.

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Notícias ao Minuto
10/03/2025 15:37 ‧ há 3 horas por Notícias ao Minuto

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Vale de Judeus

Fábio Loureiro, um dos evadidos de Vale de Judeus e que se encontra detido em Marrocos, revelou que, a partir desta segunda-feira, dia 10 de março, está em "greve de fome", afirmando estar a ser "prejudicado em vários aspetos" e que não fez "parte de qualquer plano de fuga". 

 

Através de um longo comunicado partilhado pela mulher, Rita Loureiro, nas suas redes sociais, e citado pela CNN Portugal, Fábio Loureiro está detido em Marrocos "há cinco meses" e disse que "Portugal nada faz" para que "saia desta situação e seja extraditado".

"Pelo contrário, só me têm vindo a prejudicar com mentiras, falsas promessas e, de alguma forma, no meu entender, castigar-me por ter exposto as fragilidades do sistema prisional português", lê-se.

Fábio Loureiro continuou, dizendo que "só depois de várias insistências" por parte das advogadas é que recebeu "a visita da Embaixada Portuguesa, que nada faz".

Revelou ainda que "numa das vezes" terá sido dito à sua mulher que "é feio" pronunciarem-se acerca das "autoridades marroquinas". 

O evadido enumerou assim os vários motivos que o levam agora a fazer greve de fome, como por exemplo, ter estado "algemado de pés e mãos com uma corrente a unir ambos os membros durante dias", que nunca lhe foram "retiradas as correntes para dormir, comer ou até fazer as necessidades fisiológicas", diz ter sido "tratado desumanamente e pior que um animal vítima de maus-tratos". 

E continuou: "Estive cerca de trinta dias sem pátio; estive sem quaisquer produtos de higiene; não me permitiram contactar com a minha esposa ou qualquer outro membro da nossa família durante 16 dias; fui impedido de ter uma caneta durante quatro meses; não tenho qualquer tipo de objeto pessoal; quando é feriado em território marroquino, sou impedido de contactar a minha esposa; a duração de visita é, por lei, de uma hora, a qual agora é de cerca de 40 minutos, pois inicialmente era de 10 a 15 minutos". 

Fábio Loureiro salientou ainda que "até ao dia de hoje", não tem "colchão, almofadas ou lençóis" e que foi "impedido de fumar". 

"Tudo isto, além de desumano, é contra as normas do regulamento interno das prisões de Marrocos", referiu no comunicado, citado pela estação televisiva. 

O presidiário afirmou ser "lamentável estarem cerca de 30 pessoas nestas condições de tortura psicológica e física, onde muitos permanecem anos e todos escolhidos a dedo". 

"Espero que os Direitos Humanos e restantes entidades competentes venham visitar toda a prisão onde me encontro e vejam com os seus próprios olhos tudo o que estou aqui a expor", disse, acrescentado que é "um cidadão português,  mas acima de qualquer nacionalidade regem os direitos internacionais".

"Eu, Fábio Loureiro, juntamente com as minhas advogadas, temos intenções de levar para a justiça todas as pessoas e entidades que me fizeram e estão a fazer passar por tudo isto", frisou. 

Fábio Loureiro pediu ainda que "a justiça seja aplicada a cada uma destas, assim como em tempos foi comigo quando era jovem e cometi determinados delitos", ressalvando que a "lei deve ser aplicada a todos de igual forma" e que quer deixar "escrito" que acredita e confia "em Deus a todo o tempo". 

"Acredito que, se de alguma forma sou eu a passar por tudo isto e deixando também a minha mulher a viver tal situação, é porque Deus me escolheu a mim para lutar pelos direitos que os reclusos têm, apesar de estarem presos, independentemente do país em que se encontrem".

Por fim, Fábio Loureiro deixou uma palavra de agradecimento a "todas as pessoas" que o apoiam, "que nunca faltam com palavras de coragem" e disse ser "eternamente grato por tudo" às suas advogadas. 

"A Portugal quero deixar escrito que nunca fiz parte de qualquer plano de fuga e que não é por eu me encontrar nesta situação que as fragilidades do sistema prisional vão deixar de existir. FAÇO ESTA GREVE SOBRETUDO, porque o meu país nada faz para a minha extradição e por permitirem que um cidadão português permaneça em determinada situação", afirmou. 

O detido disse que estão "constantemente com promessas e nunca se pronunciam sob o Reino de Marrocos" para que lhes "seja entregue, permitindo que a situação se arraste por indeterminados meses".

"Lutarei por justiça e pelos meus direitos", terminou Fábio Loureiro.

De recordar que Fábio Loureiro foi um dos cinco evadidos de Vale de Judeus, em setembro de 2024. O português foi o primeiro a ser capturado pelas autoridades, a 6 de outubro de 2024, em Tânger, Marrocos. Inicialmente, opôs-se à extradição, mas ainda no mês de outubro, acabou por aceitar ser extraditado para Portugal.

Leia Também: Fugitivos de Vale de Judeus já foram todos capturados. E agora?

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