"<span class="news_bold">Avanço com certeza", respondeu Luís Montenegro quando questionado se avançaria com uma candidatura se fosse constituído arguido no processo relacionado com a Spinumviva, a empresa da sua família, em entrevista à TVI/CNN.
Na véspera de o parlamento debater uma moção de confiança ao Governo, Montenegro voltou a manifestar a convicção de que não cometeu qualquer crime no processo relacionado com a Spinumviva.
"Não me demito porque não tenho razão para me demitir. No momento em que eu tiver consciência de que há uma razão para cessar funções, não é preciso ninguém apontar-me a porta", afiançou o primeiro-ministro na entrevista à TVI/CNN conduzida pela jornalista Sandra Felgueiras.
Confrontado com a hipótese de se afastar para que o Presidente da República pudesse indicar outro primeiro-ministro, sem eleições, respondeu que tal não garantiria a ausência de instabilidade, e recusou fazer quaisquer comentários sobre as suas conversas com Marcelo Rebelo de Sousa.
Montenegro considerou que "não faz sentido" ponderar retirar a moção de censura que irá a votos na terça-feira e voltou a assegurar que só será primeiro-ministro se vencer eventuais eleições legislativas antecipadas.
Quanto à proposta do PS de criação de uma comissão de inquérito obrigatória para avaliar se o primeiro-ministro cumpriu todas as obrigações declarativas e de exclusividade, Montenegro disse estar "preparadíssimo" para a enfrentar, ainda que a sua família seja afetada por ela.
"Eu, quando vim para esta missão, já sabia que isto podia acontecer e já sabia que ia estar sobre este escrutínio. E a minha família também. E devo dizer-lhe que estou aqui na base da minha decisão e da decisão da minha família. Eu não tenho temor relativamente a isso", afirmou.
Montenegro acrescentou ainda que, a concretizar-se esse instrumento parlamentar, "a oposição vai ter uma surpresa grande, porque aquilo que quer encontrar, aquilo que anda a lançar para o ar em termos de suspeição, não vai encontrar".
A entrevista de cerca de 50 minutos foi, em grande parte, centrada em explicações sobre a empresa Spinumviva, com o primeiro-ministro a recusar que o pico de faturação registado em 2022 pudesse ter qualquer relação com financiamento partidário.
"Era o que faltava, ainda bem que me coloca essa questão. Há múltiplas formas de mostrar tudo isso, mas essa então é que é mesmo a objetiva: é que não saiu um cêntimo da empresa para ninguém", disse, acrescentando que apenas saíram os valores para pagar fornecimentos à Spinumviva e aos seus funcionários, nunca tendo sido distribuídos sequer dividendos.
Questionado se não foi imprudente ao manter na esfera familiar a empresa e só na semana passada ter decidido doar a quota da mulher (com quem é casado em comunhão de adquiridos) aos filhos, Montenegro respondeu: "Creio que não".
No entanto, mais à frente, admitiu que "se calhar" cometeu "alguns erros na comunicação".
"Se calhar podia ter correspondido a ímpetos de terem feito intervenções mais vezes, mas sabe que cada um tem o seu estilo, eu tenho o meu. Entendi que devia responder no parlamento perante a solenidade de duas moções de censura, e também decidi responder a alguns jornalistas que me fizeram algumas questões", afirmou.
Ao longo da entrevista, Montenegro defendeu que os seus rendimentos provêm apenas da "força de trabalho" e de alguns investimentos e que são compatíveis com o seu património, incluindo os dois apartamentos T1 que adquiriu em Lisboa em 2023 e 2024.
Montenegro insistiu que os serviços da Spimumviva foram "efetivamente prestados" e que nenhuma das empresas clientes beneficiou da sua atividade política.
"Eu vou assegurar de forma absolutamente perentória: eu não faço, não fiz, não vou fazer fretes a ninguém. Eu não tirei nenhum benefício desta empresa, não é desde que sou primeiro-ministro, é desde que sou presidente do PSD", declarou.
[Notícia atualizada às 22h30]
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