O apelo ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação tem por base um estudo do Vertical Algas do Pacto da Bioeconomia Azul, consórcio que reúne 38 entidades do setor em Portugal, incluindo grupos empresariais, pequenas e médias empresas, 'startups', universidades e centros de investigação.
O estudo, que teve por base 3.028 entrevistas presenciais e à distância, revela que mais de 36% dos entrevistados desconhece o valor nutricional das algas, avançou hoje à Lusa Margarida Eustáquio, nutricionista e gestora de projeto da PROALGA.
Apesar do desconhecimento sobre este recurso de origem marinha, 90% dos inquiridos mostrou interesse em aprender mais sobre as propriedades das algas.
"É esta lacuna de informação sobre alimentos riquíssimos que estão à disposição do país, aliada à curiosidade do público, que leva a PROALGA a pedir ao Governo que difunda conhecimentos elementares sobre algas nos programas das escolas", assinalou.
Para Margarida Eustáquio, a inclusão de informação relevante e fidedignas nos conteúdos escolares e académicos será "a melhor forma de preparar os mais novos para uma nova geração de dietas mais conscientes, informadas e sustentáveis".
"Quando se fala em algas, pensa-se, muitas vezes que é uma coisa abstrata, é uma coisa do mar, até há uma conotação negativa, mas quando começam a perceber as potencialidades, as crianças ficam muito interessadas", referiu, acrescentando que incluir as algas nos menus das cantinas, pelo menos duas vezes por mês, "seria um excelente passo".
Segundo a nutricionista, o GreenCoLab, sediado na Universidade do Algarve, tem realizado sessões educativas e 'workshops' em escolas básicas e secundárias, com o intuito de estimular a curiosidade sobre as algas, assim como sobre a sua utilização como matéria-prima, fonte de sabor e nutrientes para os seus pratos.
"Muitas vezes, a principal barreira é o sabor e a cor, mas se as crianças começarem desde cedo, depois vão ter maior inclinação para incluírem facilmente as algas na sua alimentação", referiu, lembrando que "muitas das vezes consumimos algas sem saber", como na gelatina ou no pudim, que contêm componentes extraídos das algas.
Margarida Eustáquio acredita existir abertura e disponibilidade do Ministério da Educação para esta questão, sobretudo porque Portugal "é um dos países do mundo com melhores condições para a produção de algas", apesar das empresas do setor exportarem a maioria da sua produção.
"As empresas do setor exportam em média mais de 90% da sua produção devido ao desconhecimento que os consumidores nacionais têm das algas como fonte de minerais, vitaminas, boas gorduras, fibras ou proteínas. Poucos portugueses sabem, por exemplo, que 100 gramas de algumas das algas produzidas em Portugal têm mais proteínas do que a mesma quantidade de carne vermelha", notou.
O estudo demonstrou ainda que a maioria dos inquiridos consome produtos com algas através de 'snacks' de algas secas, sushi, 'crackers' e suplementos alimentares.
A Spirulina e a Alface-do-mar são as algas mais reconhecidas entre os inquiridos, apesar de o seu consumo ser pouco frequente.
Intitulado "Conhecimento e Perceção sobre Algas", o estudo vai ser apresentado no 1.º Congresso Internacional da Biotecnologia das Algas, que decorre de 9 a 11 de abril em Lisboa e é organizado pela PROALGA e o GreenCoLab.
Leia Também: Quantidade de água subiu cerca de 70% na bacia do barlavento algarvio