Em entrevista ao jornal i, publicada hoje, a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, comenta os resultados da última campanha de recolha de alimentos, a actual situação do País e deixa ainda sugestões para travar o aparecimento de novos pobres.
Isabel Jonet justifica que é difícil avaliar qual a situação actual sobre as carências alimentares em Portugal porque “não há nenhum estudo” nesse âmbito, ainda assim destaca a questão dos idosos. “A minha grande preocupação é que esses idosos vivam sozinhos e não que morram sozinhos ou sejam encontrados depois de mortos. O problema (…) é se em vida tiveram fome ou tiveram necessidades a que ninguém acorreu”, frisou Isabel Jonet, considerando que “há aqui todo um trabalho a fazer nas instituições e no terreno”.
Sobre o resultado a campanha de recolha de alimentos, realizada no primeiro fim-de-semana deste mês, a presidente do Banco Alimentar fala num “incrível resultado”, em tempo de “cortes nas prestações sociais e até nos subsídios”, sublinhando que é “um sinal de grande esperança da sociedade portuguesa”.
Questionada pelo i sobre se o trabalho da instituição que dirige é mais fazer solidariedade ou caridade, Isabel Jonet cita o Apóstolo Paulo, cuja “acepção de caridade é amor, é espirito de serviço, é o outro precisar de nós sem que nós precisemos do outro”. Já a solidariedade, defende, “é algo mais frio que incumbe ao Estado e que não tem que ver com amor, mas sim com direitos adquiridos”.
Por isso, remata Isabel Jonet, “sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social, embora defenda que ambas se completam e fazem parte do bem fazer”.