"A Câmara Municipal do Porto não tinha conhecimento da solução da proposta de duas pontes, não tendo recebido informação por parte da IP [Infraestruturas de Portugal], até ao momento", pode ler-se numa resposta de fonte oficial da Câmara do Porto a questões da Lusa.
A Lusa questionou também a IP sobre a proposta do consórcio LusoLav, responsável pela linha de alta velocidade Porto - Oiã, de mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária, e aguarda resposta.
A proposta tem de ser aprovada pela IP.
De acordo com documentos a que hoje a Lusa teve acesso, e que irão a votação numa reunião extraordinária da Câmara de Gaia que se realiza na quinta-feira às 16:00, bem como numa Assembleia Municipal no mesmo dia às 21:00, em causa está a alteração do que foi inicialmente apresentado.
Quanto à travessia do Rio Douro, "a solução agora apresentada volta a separar, em duas pontes distintas, o modo ferroviário e o modo rodoviário", pode ler-se em documentos municipais de Gaia consultados pela Lusa.
Os mesmos apontam que "o consórcio sustenta essa opção na necessidade de redução do risco de financiamento, redução do risco de incumprimento do prazo e na clara separação das futuras responsabilidades de manutenção de cada uma das pontes".
Na fase de estudo prévio, a IP propôs e pôs a concurso uma travessia rodoferroviária entre o Porto e Gaia, uma solução consensualizada entre os autarcas do Porto, Rui Moreira, e de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues.
Aquando da adjudicação ao consórcio LusoLav, foi apresentado um vídeo com a apresentação do desenho da travessia, da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura e engenharia de Armando Rito.
A proposta referia que o tabuleiro superior da nova ponte rodoferroviária sobre o Douro entre Porto e Gaia teria "um alçado muito semelhante ao do tabuleiro da ponte de São João", e o inferior será em estrutura metálica, segundo consultou a Lusa.
Já o tabuleiro inferior, dedicado à circulação rodoviária, ciclável e pedonal, "foi projetado em estrutura metálica, permitindo a redução do seu peso e potenciando a transparência da leitura entre tabuleiros".
O tabuleiro à cota superior, para a alta velocidade ferroviária, teria 1.181,5 metros de extensão, e o à cota baixa, rodoviária, ciclável e pedonal, 677,5 metros de extensão.
"O tabuleiro ferroviário, que cruza a totalidade do vale onde a ponte se insere, é suportado pela ponte principal, com um vão total de 885 metros, e por dois viadutos de acesso, um a sul (Viaduto de Mafamude) com 129,5 metros de extensão, e outro a norte (Viaduto de Campanhã), com 166,5 metros de comprimento", refere o documento.
A unir os dois tabuleiros estão projetadas "três torres em forma de 'A', que suportam o tabuleiro superior e suspendem o tabuleiro inferior".
"Embora este tipo de torre em 'A' seja a solução mais utilizada em pontes atirantadas, não deixa de criar nos seus utilizadores uma sensação de grande porta de entrada/saída na cidade", pode ler-se no documento.
Segundo o júri, "a solução da ponte proposta, embora se destaque das pontes já existentes sobre o rio Douro, integra-se perfeitamente no seu contexto".
A nova ponte situa-se a "cerca de 200 a 300 metros a montante da ponte de São João", e "invoca o princípio da similaridade", dialogando ainda com a ponte do Freixo, a cerca de um quilómetro de distância.
"A solução adotada para a componente ferroviária da ponte - que é a mais marcante do ponto de vista visual, em pórtico de betão armado e de cor branca -, é a tipologia que melhor se enquadra na envolvente existente", considerou o júri.
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