O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, salientou, esta quinta-feira, que os Estados Unidos "tinham ajudado a montar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para haver uma ordem e, de repente, furam a ordem", face às tarifas impostas pelo atual chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.
"Os Estados Unidos montaram uma ordem internacional, não foram sozinhos, mas foram os principais, política e económica. Política com alianças e tratados, que é o caso da NATO, económica com a Organização Mundial do Comércio", começou por contextualizar, em declarações à imprensa.
Marcelo indicou ainda que, "o que se passou com a chegada ao poder agora do presidente Donald Trump foi mais do que se passou no mandato anterior", uma vez que, "politicamente, mudou a posição em relação aos aliados, nomeadamente na Ucrânia".
"Passou para árbitro, deixou de jogar de um dos lados. Deixou cair a Europa, passou a negociar diretamente com a Rússia, depois falou com a Ucrânia, pelo meio hostilizou o Canadá e a Dinamarca e isso foi uma surpresa que ainda não acabou", disse.
Além disso, "tinham ajudado a montar a OMC para haver uma ordem e, de repente, furam a ordem". O Presidente reconheceu que este cenário já tinha sido "ensaiado na primeira presidência de Trump", mas sublinhou que, agora, "furaram [com a ordem] de forma generalizada".
"É uma mudança que corresponde a uma nova ordem que está a nascer, ou é apenas uma decisão tomada num certo momento, para retirar benefícios diretos para os Estados Unidos?", questionou.
Marcelo equacionou que, afinal, não se trata de uma "nova ordem", uma vez que "já recuaram".
"Não é uma nova ordem, é um aproveitamento de uma situação a pensar no interesse norte-americano, de acordo com a vontade do presidente", reiterou.
Marcelo alertou ainda que, "quando é um homem a definir o destino do mundo, o mundo deixa de ter regras" e, neste caso, "de um dia para o outro muda tudo".
"Os militares costumam dizer que ordem e contraordem quer dizer desordem, e é o que se está a passar. Não há uma nova ordem e há imprevisibilidade, ou seja, instabilidade", concretizou.
Marcelo considerou ainda ser imprudente responder depressa às medidas de Trump, que "é um presidente muito marcado pela vida dele", enquanto "homem de negócios".
"Uma coisa é gerir a vida pessoal como empresário e outra coisa é gerir um país e o mundo. Acho que fizeram bem todos aqueles que respiraram fundo, esperaram para ver e viram que afinal não era o que parecia. Porque é o estilo dele. A União Europeia fez bem em reagir com serenidade, sem pressa, e Portugal fez bem", acrescentou, ao mesmo tempo que realçou que as medidas anunciadas "são cuidadosas, porque lidam com um homem que é imprevisível".
Recorde-se que o Governo lançou quatro medidas para o apoio rápido às empresas exportadoras, face às tarifas lançadas pelos Estados Unidos, que passam por linhas de crédito, seguros de crédito e a expansão de apoios à internacionalização.
[Notícia atualizada às 15h54]
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