Para o tribunal, ficaram provados os factos da acusação, nomeadamente de que os três arguidos engendraram um plano para assaltar a casa do casal de idosos para o qual uma das arguidas trabalhou durante alguns meses.
"Foi um plano previamente planeado entre os três. Não há duvida de quem arquitetou este plano todo", afirmou a juíza durante a leitura da decisão, referindo-se à arguida.
O tribunal condenou a mulher a quatro anos e nove meses pelo crime de roubo agravado em coautoria e furto simples.
Um dos arguidos foi condenado à pena única de três anos e 10 meses pelo crime de roubo agravado em coautoria e furto, e o outro foi condenado a uma pena de quatro anos e um mês por roubo agravado em coautoria, furto e abuso de cartão de garantia.
Os dois arguidos, de 21 e 24 anos, permanecem em prisão preventiva até trânsito em julgado.
A juíza afirmou ainda que os três arguidos "acabaram a ferros" por narrar os factos e que as suas confissões não foram "completamente espontâneas".
"Não demonstraram arrependimento", assinalou, acusando a arguida de praticar um ato "ignóbil" contra quem confiou em si.
"Não foi um percalço, não foi um lapso. Isto é caráter", reforçou, destacando que, face aos "contornos graves" do caso, o tribunal entendeu condenar todos a prisão efetiva e a pagar 1.450 euros ao Estado.
A acusação refere que, no dia 11 de março de 2024, os dois homens, "fazendo uso das chaves de acesso ao prédio e à respetiva habitação, entrariam na residência (...) para daí subtraírem o dinheiro e bens de valor que conseguissem transportar consigo, ainda que, para concretizarem os seus intentos, os arguidos tivessem que usar de violência para com os residentes nesse local".
Em julgamento, a versão dos arguidos nem sempre coincidiu, havendo versões diferentes sobre quem ficou e usou os cartões de crédito do casal ou sobre os contornos da agressão ao idoso, com um dos arguidos a admitir que lhe deu um soco.
"Entrámos e, quando o senhor deu por nós, eu agarrei-o e empurrei-o para um quarto. O senhor começou a gritar e eu, por aflição, dei-lhe um soco. Ele caiu, bateu com a cabeça e perdeu os sentidos", admitiu.
E confessou: "Eu vi que ele tinha pulsação, fiquei mais aliviado (...) mas não o socorri porque o intuito era roubar o conteúdo do cofre (...)".
Acrescentou que depois foi "procurar as chaves" mas que parou quando o outro arguido "disse que tinha encontrado dinheiro".
Ao tribunal, o idoso agredido disse que levou "uma tareia tamanha" que o fez passar "um mau bocado", explicando que não se recorda bem do que se passou.
"Eu só sei que levei a porrada e fiquei sem sentidos. Não foi só um soco, nem pensar nisso", disse, apontando que, antes de perder os sentidos, viu que, enquanto um dos arguidos o agrediu, o outro assistiu.
Segundo a acusação, o idoso necessitou de receber assistência médica "por sofrer trauma na região do maciço facial, sangramento na cavidade oral, hemorragia subdural com laceração da língua, onde ficou internado durante dois dias em que foi sujeito a diversos tratamentos, exames médicos, medicação, sutura hemostática, vigilância, observação e avaliação em neurocirurgia, otorrinolaringologia, neurologia, cirurgia maxilofacial e estomatologia".
[Notícia atualizada às 16h54]
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