Idosos sofrem consequências sociais negativas da crise

A crise económica já está a ter consequências sociais negativas entre os idosos, aumentando as pessoas retiradas dos lares para voltarem às famílias, ao mesmo tempo que aumenta o conflito entre gerações, avisou hoje uma especialista.

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Lusa
18/12/2012 17:11 ‧ 18/12/2012 por Lusa

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Dados mostrados esta terça-feira, na conferência da Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal, subordinada ao tema ‘O impacto da austeridade na pobreza’, revelam que a população idosa em Portugal, ou seja, com mais de 65 anos de idade, é constituída por cerca de dois milhões de pessoas.

De acordo com a especialista do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, a população idosa tem um “baixíssimo rendimento” ou vive em pobreza, tem baixa escolaridade e fraca saúde física e mental.

Constança Paúl adiantou que, num estudo feito à população idosa da área metropolitana do Porto, 25% revelou ter dificuldades de mobilidade, 23% dificuldades de visão, 17% de memória, 13% tem dificuldade em ouvir, 12% tem dificuldade em tomar banho e vestir-se, e 10% tem dificuldades na comunicação.

De acordo com a especialista, estes números poderiam ser mais elevados, caso os dados fossem nacionais, e frisou que as consequências sociais negativas da actual crise económica já se estão a fazer sentir entre os mais idosos.

Constança Paúl deu como exemplo o crescente número de idosos retirados dos lares para “sustentarem famílias desempregadas”, ao mesmo tempo que aumenta a exclusão e os conflitos intergeracionais.

Por outro lado, apontou, estão a registar-se piores resultados ao nível da saúde, com progressiva diminuição da esperança de vida, sobretudo da esperança de vida saudável.

A especialista deu também alguns exemplos do que considera serem “medidas inaceitáveis de assistencialismo”, numa perspectiva de caridade, por oposição aos direitos humanos, nomeadamente as cantinas sociais, dentro do Programa de Emergência Alimentar, ou as novas regras de reorganização e instalação das pessoas idosos nos lares.

Constança Paúl apontou que os idosos têm vindo a dispor de cada vez menos dinheiro, não só pela quebra do valor das pensões, mas porque também necessitam de pagar vários serviços indispensáveis.

“Paralelamente, verifica-se cada vez mais incapacidade social e isolamento”, disse a especialista do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

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