O voo foi apenas de 40 minutos, mas foi o tempo suficiente para entusiasmar e arrancar muitos sorrisos aos utentes da Associação Comunitária de Saúde Mental e do Centro Comunitário de Saúde Mental de Odivelas, que, na esmagadora maioria, nunca tinham entrado num avião.
O batismo de voo foi feito numa aeronave C-130 da Força Aérea, num trajeto entre a base do Montijo e o aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa.
Antes de descolar, os utentes visitaram as instalações e ouviram as explicações do comandante da Base Aérea N.º 6 do Montijo, António Temporão, que lhes explicou a tarefa da Força Aérea e o percurso que iriam fazer.
Chegou depois o momento mais esperado da tarde, entre palmas e gritos de contentamento, dando-se assim início àquilo que para a maioria seria "uma grande aventura".
"Isto é uma viagem de sonho. Estou a adorar. Eu tenho visto na televisão vários políticos a entrar em aviões para viajar e agora estou a ser eu", relatou à agência Lusa Paula Fonseca, utente da Associação Comunitária de Saúde Mental.
O entusiasmo foi partilhado por Miguel, 25 anos, que já tinha voado uma vez (quando tinha seis anos) e já não se lembrava da sensação: "Já foi há tanto tempo. Tenho apenas vagas lembranças. Estou a gostar muito".
Já José Sousa, 38 anos, confidenciou à Lusa que mal dormiu nos últimos dias, devido à ansiedade e ao medo da viagem: "Não imaginava que fosse assim. Está a ser tremendo", declarou.
Durante a viagem, os utentes puderam também visitar o cockpit e contemplar com a curiosidade natural os "botõezinhos" que comandam a aeronave.
Já em terra, o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins (PS), que acompanhou os utentes nesta viagem, mostrou-se satisfeito.
"Confidenciaram-me que eles andavam mais sedados por saber que iam voar. Era um sonho de meninos. Na nossa vida temos de ser inclusivos. Ninguém pode ficar de fora na sociedade", sublinhou o autarca.
Batismos de voo e visitas à base aérea fazem parte do quotidiano de quem trabalha no equipamento do Montijo. Contudo, António Temporão ressalvou que cada um deles "é diferente e especial".
"Estamos a falar de momentos que vão ficar na memória e no imaginário das pessoas para sempre. Depois é sempre gratificante ver a alegria e ouvir um obrigado. 'Obrigado' é a coisa mais importante", apontou.
Ao final da tarde deu-se o regresso a Odivelas. Os utentes levaram consigo um diploma de voo e algumas recordações da Força Aérea, mas sobretudo uma experiência que guardarão para o resto das suas vidas.