"Homenageamos um conjunto de personalidades e uma instituição que têm servido o país em domínios importantes para a produção e divulgação do saber, para a coesão social e para uma informação diferente e também para projetar Portugal através do talento dos seus artistas", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Além da Casa do Artista, Cavaco Silva condecorou esta tarde o professor catedrático e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida Michel Renaud, os professores catedráticos Alberto Duarte Carvalho e António Costa de Albuquerque de Sousa Lara e professor catedrático e paleontologista Miguel Telles Antunes.
O músico e compositor Jorge Fernando da Silva Nunes, o docente universitário, jornalista e comentador Nuno de Assis Simões da Costa Rogeiro e o fundador da AESE Business School (Associação de Estudos Superiores de Empresa), José Luiz Carvalho Cardoso, foram outros dos homenageados.
Numa curta intervenção, o Presidente da República destacou o trabalho realizado pela Casa do Artista, sublinhando que muitas vezes é esquecido que "depois dos tempos de palco, de cinema, de televisão, podem viver-se momentos difíceis".
"Acolhe os artistas quando chegam à sua velhice, aqueles que ao longo de uma vida nos ajudaram a rir, nos ajudaram a chorar, a pensar, a sonhar", frisou.
O chefe de Estado fez ainda referência ao trabalho que é desenvolvido por aqueles que "produzem e difundem conhecimento" nas universidades, escolas de ensino superior e centros de investigação, recordando o quanto Portugal progrediu no domínio cientifico.
"Mas, sei também quanto Portugal deve ao talento dos seus artistas, temos aqui um músico e compositor, sei o quanto, graças aos nossos artistas, Portugal tem ganho projeção internacional", acrescentou.
Referindo-se a Nuno Rogeiro, Cavaco Silva elogiou a "marca de diferença" do jornalista, que "num tempo em que o jornalismo e a informação tende para a indiferenciação", tem contribuído para que os portugueses conheçam melhor as relações internacionais, os meandros da política externa e os movimentos geopolíticos.
Falando em nome dos condecorados, o professor catedrático Michel Renaud gracejou que as insígnias são um pouco como a amizade - que "não se pede, não se discute, não se agradece" - mas admitiu a gratidão de todos os homenageados por terem visto os seus esforços reconhecidos.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, o antigo subsecretário de Estado da Cultura António Sousa Lara disse que a distinção que recebeu teve que ver com a sua carreira de docente.
"Devotei a minha vida ao ensino público", disse, sublinhando ter sido uma honra ter recebido as insígnias das mãos de Cavaco Silva.
"Sempre fui cavaquista, fui do Governo dele, fui da maioria dele", referiu, considerando que o atual Presidente da República "mudou a História de Portugal".
Questionado sobre a polémica de há mais de 20 anos quando impediu a candidatura do livro de José Saramago, O Evangelho segundo Jesus Cristo, ao Prémio Literário Europeu de 1992, Sousa Lara desvalorizou a questão, argumentando que todos os Governos têm a sua conotação ideológica.
"Um Governo tem uma conotação ideológica, não tem que agradar a toda a gente, é um Governo da maioria contra a minoria em última análise. Toma medidas polémicas que democraticamente sufragadas têm de ser aceites (...) a democracia é assim, não é o Governo de todos indiferentemente, para satisfazer todos os interesses, é um Governo de uma maioria, em última análise contra o resto", disse.