De onde vem o cravo que hoje (se) usa na lapela?
Apenas em duas datas o cravo vermelho é a flor de eleição dos portugueses. Metade dos que hoje andam na rua é importada.
© Reuters
País 25 de Abril
Desde que Celeste Caeiro ofereceu um cravo a um soldado que o resolveu pôr no cano da espingarda a flor é um símbolo incontornável do 25 de Abril.
Nem todos a usam na lapela – a Esquerda não a dispensa, mas à Direita apenas ocasionalmente se avistam as pétalas recortadas de um cravo no fato de um militante.
Ora, para assegurar que o país é nesta data inundado por milhões de cravos vermelhos, a produção nacional não chega.
“Para poder fazer face à maior procura nesta data é preciso ir buscar cravos a Espanha”, conta ao Notícias ao Minuto Vítor Araújo, vice-presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPPFN).
O também produtor revela que no caso da sua empresa, a Florineve, a pensar nas comemorações do 25 de Abril, são comercializados em média cinco mil molhos de cravos com 20 pés cada um, metade dos quais de produção espanhola.
O mesmo acontece com as outras quatro maiores produtoras do Montijo, que só entre si são responsáveis por fornecer nesta altura cerca de meio milhão de cravos vermelhos ao mercado.
Os cravos de produção portuguesa vêm do Centro e Norte mas sobretudo do Montijo, onde estas cinco empresas (incluindo a Florineve) representam mais de 20% da produção nacional de cravo.
É também nesta região que se produz cerca de 60% a 70% da flor de corte criada em estufas no país, numa área de cerca de 200 hectares.
Com um mês de antecedência encomendam-se os cravos espanhóis conforme os pedidos de câmaras municipais e juntas de freguesia e estes chegam uma semana antes do feriado, sendo até lá armazenados em câmaras frigoríficas.
A empresa que fornece o Parlamento e outras instituições do Estado muda de ano para ano, escolhida de acordo uma prospeção de preços, até porque nesta altura duplicam.
Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, referentes a 2012, o cravo é a terceira flor mais explorada em Portugal, depois da prótea e da rosa.
Exceção feita ao 25 de Abril e Dia do Trabalhador, o branco é a cor que mais se vende ao longo do ano, pelo que não compensa destinar uma parcela da produção a pensar em apenas duas datas e se recorre à importação, explica Vítor Araújo.
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