António Mariano tinha revelado quarta-feira à noite, em declarações à SIC Notícias, que o Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal vai prolongar a greve até 16 de junho, garantindo que os serviços mínimos decretados estão a ser cumpridos
"O que está na base da extensão da greve por mais 20 dias é não se terem alterado as condições, os pressupostos que levaram à emissão do primeiro pré-aviso" explicou à agência Lusa António Mariano.
No entender do sindicalista, as empresas portuárias pretendem para o porto de Lisboa um "modelo de trabalho desregulamentado que vai levar ao despedimento coletivo dos estivadores".
"Nós não podemos pactuar com tal. Por isso, como estas condições se mantêm, nós mantemos as formas de luta", sublinhou.
António Mariano garantiu à Lusa que os serviços mínimos decretados nos despachos estão a ser cumpridos "totalmente".
"Podíamos estar a trabalhar todos os dias um turno, mas as empresas continuam a apostar em ter uma empresa alternativa, que criaram enquanto discutíamos a negociação coletiva do novo contrato, e estavam a utilizar trabalhadores com salários inferiores aos nossos e em piores condições para levar à falência os estivadores de Lisboa", salientou.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Estivadores, não se trata de concorrência, mas de uma empresa a criar, para levar à insolvência a que existe.
"Não podemos aceitar esta forma distorcida de estar na negociação. Isto é uma completa má-fé e o nosso pré-aviso é uma reação a isso", afirmou.
Quanto às críticas que têm sido feitas de que os estivadores estão a prejudicar os interesses económicos do país, António Mariano sublinhou que os trabalhadores estão em greve desde 20 de abril e os serviços mínimos estão a ser cumpridos.
"As primeiras críticas estavam relacionadas com os cereais, as pecuárias. Posso dizer que desde há duas semanas que os estivadores estão a descarregar todos os navios que chegam com soja, trigo, milho durante 16 horas por dia (...). Essas críticas, neste momento, não as percebem a não ser que sejam campanhas montadas e que têm de chegar ao seu fim", explicou.
Em relação aos Açores e Madeira, que segundo António Mariano podem sentir o impacto das paragens dos estivadores, o mesmo responsável garantiu que "estão ser cumpridos totalmente os serviços mínimos".
António Mariano disse ainda à Lusa que não tem havido contactos entre o sindicato, as empresas portuárias e o Governo.
Os estivadores estão a fazer greve a todo o trabalho suplementar em qualquer navio ou terminal, isto é, recusam trabalhar além do turno, aos fins de semana e dias feriados.
No passado dia 28 de abril, o Sindicato dos Estivadores emitiu um novo pré-aviso de greve para o Porto de Lisboa, com incidência nos portos de Setúbal e da Figueira da Foz, que prolonga a paralisação até ao dia 27 de maio.
No mesmo dia, o Governo fixou serviços mínimos para os portos de Portugal, visando assegurar a "satisfação de necessidades sociais básicas e impreteríveis".