"É uma situação que tem que se resolver com diálogo, com trabalho e isso é o que se está a fazer", disse o ministro da Economia aos deputados no âmbito da sua audição ao abrigo do Regimento da Assembleia da República na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde está a ser ouvido.
O ministro da Economia frisou que "não há soluções fáceis" e questionou: "E se as há e são tão fáceis e tão diretas, então porque não se resolveram nos últimos quatro anos".
"A questão do Porto de Lisboa obviamente que é uma questão que me preocupa, as greves no Porto de Lisboa já duram há quatro anos, houve períodos de greve bem mais prolongados do que o atual e a situação não se resolveu", afirmou.
Caldeira Cabral disse que o Governo está envolvido e a tentar encontrar uma solução e que as partes se entendam.
"Parece-me que é negativo para a economia, para o Porto de Lisboa e logo para os operadores e estivadores. Toda a gente está a perder e estando todos a perder espero que seja possível encontrar uma solução", disse.
Os operadores do Porto de Lisboa anunciaram na segunda-feira que vão avançar com um despedimento coletivo por redução da atividade, depois de uma proposta de acordo de paz social que foi recusada. As versões do sindicato, dos operadores e Governo não coincidem, sobretudo na questão da Porlis (empresa de trabalho portuário cuja extinção era uma das reivindicações dos sindicatos).
A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, diz que os operadores propuseram suspender os trabalhos da Porlis, mas o documento previa apenas que os operadores se comprometessem a "encontrar uma solução relativamente" ao futuro da empresa de trabalho portuário.
Na terça-feira, o presidente do Sindicato dos Estivadores, António Mariano classificou de "terrorismo psicológico" e "atentado ao Estado de direito" o anúncio de um despedimento coletivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar retirada de contentores retidos.
Contudo, António Mariano disse que os trabalhadores estão dispostos a chegar a um entendimento, caso a empresa criada paralelamente for encerrada e se forem resolvidas duas situações do contrato coletivo de trabalho.
A última fase de sucessivos períodos de greve, que se iniciou há três anos e meio, arrancou a 20 de abril com os estivadores do Porto de Lisboa em greve a todo o trabalho suplementar em qualquer navio ou terminal, isto é, recusam trabalhar além do turno, aos fins de semana e dias feriados.
A paralisação tem sido prolongada através de sucessivos pré-avisos devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato coletivo de trabalho. De acordo com o último pré-aviso, a greve vai prolongar-se até 16 de junho.