A emigração "não é só uma história de sucesso", alerta Santa Casa

A Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP) vai organizar, este sábado, a sexta edição das Jornadas Sociais e mostrar que "a emigração não é só uma história de sucesso", disse à Lusa Joaquim Silva Sousa, provedor da Misericórdia de Paris.

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Lusa
02/06/2016 09:29 ‧ 02/06/2016 por Lusa

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França

"Este ano, o tema base de reflexão é 'Contra a precariedade: justiça, partilha e misericórdia' (?) É importante e permite ver que a emigração não é só uma história de sucesso. Vai haver casos concretos de que infelizmente há pessoas que ficam na beira da estrada", explicou Joaquim Silva Sousa.

As jornadas vão acontecer no Consulado-Geral de Portugal em Paris no próximo sábado, entre as 9h30 e as 12h30 (hora local) e o objetivo é "encontrar ideias para ajudar a comunidade".

"A história da emigração, infelizmente, não são só casos de sucesso, também há muitos casos de insucesso e é necessário que alguém se ocupe dessas pessoas. É o que a Misericórdia de Paris tem estado a fazer há 24 anos", acrescentou o provedor.

Joaquim Silva Sousa precisou que a Misericórdia de Paris tem agido para "evitar que as pessoas caiam na rua por perda do alojamento", tendo sido identificados, no passado, casos de portugueses a dormir na rua.

"Neste momento, temos pessoas que perderam o emprego, que tiveram acidentes de trabalho e que não sabem tratar de questões administrativas, encontrando-se muito facilmente em situações em que não podem pagar a renda. Temos também situações de casais que precisam de alojamento e de trabalho e alguns problemas de foro psicológico", descreveu.

A instituição também dá vales de 50 euros aos detidos portugueses "mais necessitados" nas prisões de França e tem ajudado "uma média de 200 famílias anualmente" com cabazes de alimentos, distribuindo "à volta de quatro toneladas de alimentos por ano", incluindo a "pessoas que começavam a passar fome".

"Há pessoas da primeira geração com reformas muito fracas que nunca pediram nada a ninguém e têm vergonha de assumir que precisam de ajuda. Vão-se identificando os casos e vai-se ajudando. Depois, há outra situação: alguém que emigra agora e chega com 200 ou 300 euros no bolso a pensar que vai arranjar emprego e, ao fim de uma semana, mesmo a comprar sanduíches, já não têm dinheiro", explicou.

A 12 de junho, a Misericórdia de Paris vai também estar presente nas Festas dos Santos Populares da Rádio Alfa, com um stand para a apresentação das atividades e adesão de novos voluntários, tendo ainda previsto para este ano a corrida de angariação de fundos, a 2 de outubro, o jantar de gala a 19 de novembro e uma campanha de recolha de géneros alimentícios na primeira quinzena de dezembro.

Depois do colóquio deste sábado, os responsáveis da Misericórdia vão deslocar-se ao cemitério Sul de Enghien-les-Bains, nos arredores de Paris, para uma cerimónia de homenagem a 12 portugueses sepultados no jazigo da SCMP.

 

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