Alunos de Arouca vencem Mostra Nacional de Ciência
Três estudantes de Arouca foram premiados pela criação de um mecanismo de ensaios clínicos que, aplicando um sistema específico de iluminação a larvas de moscas da fruta, permite detetar poluentes neurotóxicos e doenças neuro-degenerativas como Parkinson e Alzheimer.
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País Distinção
Distinguido com o 1.º lugar na Mostra Nacional de Ciência da Fundação da Juventude, o projeto "Neuro Teste" foi desenvolvido na Escola Secundária de Arouca por Beatriz Gomes, Mariana Garcia e Paulo Castro, e, segundo defende o professor Filipe Ressurreição, coordenador da equipa, constitui "um pequeno avanço" no rastreio de agentes neurológicos.
"Começámos a trabalhar no projeto há mais de dois anos, depois de reparar que a maioria dos testes clínicos na área das Neurociências é realizada em moscas da fruta adultas que, para deixarem de voar e poderem ser observadas quietas, têm que ser anestesiadas", explicou o docente hoje à Lusa.
"Então pensámos desenvolver um mecanismo que nos permitisse fazer o mesmo em larvas dessas moscas, porque, como ainda elas não podem voar, isso iria dispensar a anestesia e facilitar o trabalho", acrescenta.
Filipe Ressurreição admite que já outros haviam pensado nesse procedimento, mas afirma que os restantes mecanismos de conhecera até à data "eram ainda muito manuais", envolvendo, por exemplo, a alimentação de larvas com comida alterada por corante preto, para facilitar a observação por contraste.
"O problema é que isso não permite fazer testes em maior escala", nota o professor de Biologia. "Para trabalhar em massa é preciso sempre recorrer a software e, o que acontecia é que, aplicando luz às larvas, elas ficavam transparentes e não se conseguia detetar nada", recorda.
A aposta dos três jovens cientistas - um agora a frequentar o 12.º ano e os dois outros em cursos superiores de Medicina e Ciências Farmacêuticas - foi, por isso, no desenvolvimento de um sistema de transiluminação que permitisse a devida deteção das larvas e leitura do seu comportamento.
"É uma iluminação que se aplica por baixo das larvas e que permite usar software para testes de maior dimensão, dispensando anestesias ou corantes", diz Filipe Ressurreição. "Será útil, por exemplo, no teste de novos medicamentos, na deteção de poluentes com efeitos neurotóxicos e no estudo de doenças generativas como o Parkinson ou o Alzheimer", garante.
A Fundação da Juventude atribuiu esta terça-feira ao professor que coordenou a investigação um prémio de 400 euros e, aos seus três estudantes, um outro no valor global de 1250 euros. "O dinheiro é deles. Foi diretamente para a conta bancária de cada um, como manda o concurso, que é realmente uma iniciativa fantástica", defende o docente.
A distinção atribuída ao "Neuro Teste" nessa 10.ª edição da Mostra Nacional de Ciência concede à equipa vencedora o acesso direto à competição "Intel ISEF", que, de 14 a 19 de maio de 2017, irá realizar-se em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A seleção do projeto de Arouca implicou um processo de avaliação que, por sua vez, esteve a cargo do programa Ciência Viva e envolveu professores e investigadores de diversas áreas científicas, assim como representantes da Direção Geral de Educação, da Agência para a Energia e da Agência Portuguesa do Ambiente.
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