Ex-porteiro de discotecas no Algarve entrega-se à fé e torna-se padre

O seu último emprego foi como segurança e até chegou a ser porteiro em discotecas no Algarve, mas, aos 28 anos, Fernando Rafael decidiu tornar-se padre, desígnio que atinge no domingo, dia em que é ordenado em Quarteira.

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Lusa
25/06/2016 11:18 ‧ 25/06/2016 por Lusa

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Algarve

Inicialmente sem a aceitação da família, o ex-instrutor de musculação, hoje com 37 anos, despediu-se e na semana seguinte foi para o seminário, embora confesse que a sua vocação não apareceu "de um dia para o outro".

À Lusa, Fernando Rafael conta que começou a rezar o terço no seu último emprego, onde passava noites inteiras sozinho, na Quinta do Lago, mesmo não tendo qualquer prática religiosa anterior, fora as orações que a bisavó lhe ensinara em criança.

"A oração no silêncio e no escuro da noite começou a ganhar uma dimensão que eu não conhecia e criou-se algo de extraordinário na minha vida", relata, identificando esse momento como o seu verdadeiro encontro com Jesus.

Fez o batismo, a primeira comunhão e o crisma já em adulto, na preparação para o seminário, e encara as regras da Igreja com naturalidade, nomeadamente o celibato, considerando que as normas "fluem naturalmente" quando há uma ligação a Deus.

"Deus não nos pede nada que nós não possamos aguentar e o celibato faz mais confusão às pessoas que estão de fora do que a quem o pratica", afirma, acrescentando que continuará a ser o mesmo, com virtudes e defeitos.

Viu colegas de seminário desistirem, alguns entretanto já casados, mas acredita que a vida dessas pessoas foi enriquecida por aquela experiência, já que considera difícil existirem casas que "deem melhor formação" do que a que dá o seminário.

"É uma vida de doação, eu faço porque quero, porque gosto de fazer, porque amo as pessoas e o que me faz mais feliz é poder levar Jesus às pessoas. Vejo isso como um dom, uma vocação", sublinha.

Depois de ter deixado de estudar aos 15 anos - completou os estudos mais tarde -, Fernando receou não conseguir acompanhar o nível de exigência intelectual no seminário, onde também estudou grego, latim e hebraico.

"A exigência a nível intelectual é grande, faz-nos realmente pegar nos livros, e isso assustou-me no início, mas foi uma barreira que foi ultrapassada", declara.

Reconhece que durante a sua "caminhada" teve altos e baixos, mas nunca pensou verdadeiramente em desistir.

"Continuo a ser a mesma pessoa, estou muito bem com a minha vida. Se tivesse que voltar atrás não mudaria nada", reitera.

Fernando Rafael considera ainda que muitas pessoas poderão não optar por este estilo de vida por falta de informação ou até mesmo por vergonha.

"Falo por experiência própria e acredito que possa haver pessoas que tenham um dilema interior que as leve, muitas vezes, a não dar o passo", conclui.

 

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