Numa resposta enviada à agência Lusa, a PGR refere que foram constituídos nove arguidos -- sete pessoas singulares e duas sociedades -- e que o inquérito se encontra em investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Vila Franca de Xira.
"O inquérito encontra-se em investigação e envolve recolha e análise de prova que se tem vindo a revelar como muito complexa e exames periciais igualmente de grande complexidade, alguns deles complementares a outros já realizados, mas essenciais para a descoberta da verdade", adianta a PGR.
Entretanto, a multinacional General Electric, em comunicado enviado à Lusa, refere que a empresa e quatro dos seus empregados foram constituídos arguidos neste processo.
A empresa adianta que "está a acompanhar o tema" e que cumprirá com "todas as suas obrigações legais".
Fonte ligada à investigação revelou à Lusa que a empresa Adubos de Portugal é a outra sociedade constituída arguida no processo.
Em comunicado enviado à Lusa, a ADP Fertilizantes/Adubos de Portugal, sem nunca dizer que é arguida no processo, refere apenas que "confia na celeridade e no bom funcionamento da justiça portuguesa" e que "está, como sempre esteve, ao dispor das autoridades competentes para o cabal apuramento da verdade".
Diz ainda "lamentar profundamente as consequências nefastas deixadas pelo surto de legionella" registado no concelho de Vila Franca de Xira, em novembro de 2014 e expressa a sua "total solidariedade para com todos aqueles que, de forma direta e indireta, temporária e permanente viram as suas vidas afectadas" pelo ocorrido.
A empresa manifesta também reconhecimento por todos aqueles que durante o período de maior intensidade do surto "trabalharam de forma enérgica e permanente" para debelar as suas consequências.
"A ADP Fertilizantes reafirma que cumpriu de forma inequívoca todas as obrigações legais decorrentes da sua licença ambiental que foi renovada em procedimento ordinário e sem qualquer alteração substancial ao seu conteúdo, a 20 de Outubro de 2015", adianta a nota da empresa.
O caso remonta a 2014, quando um surto de legionella em Vila Franca de Xira causou 12 mortes e infetou 375 pessoas com a bactéria.
De acordo com o balanço feito na altura, as vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos e eram nove são homens e três mulheres. A taxa de letalidade do surto foi de 3,2%.
O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, teve inicio a 07 de novembro e foi controlado em duas semanas. Na altura, o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, realçou a resposta dos hospitais, que "trataram mais de 300 pneumonias".
Em novembro do ano passado, quando fez um ano sobre o caso, fonte do MP adiantou à Lusa que deram entrada 211 queixas de lesados diretos e de familiares das vítimas.
A doença do legionário, provocada pela bactéria 'legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.