Morte de Maria Isabel Barreno é uma "perda irreparável"

O ministro adjunto Eduardo Cabrita, que tutela, no Governo, a igualdade de género, considerou hoje a morte de Maria Isabel Barreno "uma perda irreparável para a cultura portuguesa e a luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens".

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Lusa
03/09/2016 23:40 ‧ 03/09/2016 por Lusa

País

Eduardo Cabrita

A escritora e investigadora falecida hoje, aos 77 anos, ficou conhecida como uma das 'três Marias', por ter sido co-autora, com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, da obra 'Novas Cartas Portuguesas', publicada em 1971.

"Maria Isabel Barreno foi uma notável investigadora social, uma escritora de causas e uma lutadora pelos direitos das mulheres", sustenta o ministro Eduardo Cabrita numa nota enviada à agência Lusa.

Para o governante, "neste momento de tristeza, a melhor homenagem será lembrar o contributo de Maria Isabel Barreno para a mudança da sociedade portuguesa e dar continuidade ao combate pela igualdade de direitos entre mulheres e homens no trabalho, na vida familiar e na participação cívica e política".

Nascida em Lisboa a 10 de julho de 1939 e licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Isabel Barreno, foi uma grande defensora dos direitos das mulheres.

Depois da publicação da obra, as autoras foram julgadas, e tudo terminou com a absolvição, já após a Revolução de 25 de Abril de 1974, e a obra passou a ser encarada não só como um tratado sobre os direitos das mulheres em Portugal mas, mais que isso, como "um libelo contra todas as formas de opressão", como a descreveu a escritora Ana Luísa Amaral em 2010, quando a obra foi reeditada pela Sextante, com anotações suas.

Maria Isabel Barreno trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial, foi jornalista e Conselheira Cultural para o Ensino do Português em França e publicou 24 títulos, entre romance e investigação na área da Sociologia.

Recebeu diversas distinções, entre as quais o Prémio Fernando Namora, pelo romance 'Crónica do Tempo' (1991), e o Prémio Camilo Castelo Branco e o Prémio Pen Club Português de Ficção, pelo livro de contos 'Os Sensos Incomuns' (1993), e em 2004 foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

'Vozes do Vento', sobre a história dos antepassados do seu pai em Cabo Verde, foi o último romance que publicou, em 2009, após uma pausa de 15 anos na escrita durante a qual desenvolveu atividades noutros campos artísticos, nomeadamente as artes plásticas, com várias exposições de desenho e tapeçaria. Depois, em 2010, editou ainda o livro de contos 'Corredores Secretos (seguido de 'Motes e Glosas')'.

Maria Isabel Barreno será cremada no domingo, às 17:00, no cemitério dos Olivais.

 

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