Jovens como os outros mas de olhos postos em Jesus. São cada vez mais

São cada vez mais os que existem pelo país. Falamos de grupos de jovens católicos que guiam o seu caminho perto dos valores de “Jesus”, o que não siginifica deixarem de viver a sua juventude. Tal como explicaram duas jovens, as "saídas ao sábado à noite" são algo perfeitamente normal, mas a "missa" ao domingo fala mais alto.

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Inês Esparteiro Araújo
01/11/2016 08:04 ‧ 01/11/2016 por Inês Esparteiro Araújo

País

A.A.S.U.L

São “pessoas normais”, “super amigos” e também costumam “sair à noite ao sábado” como é habitual entre os jovens. Além disso, não se consideram como alguém “out of the box”. Talvez a principal diferença de Rita e Joana, ambas na casa dos vinte anos, em relação às restantes raparigas da sua idade, seja o facto de saberem que, independentemente de saírem à noite no sábado, “têm o compromisso” de no domingo “estar na missa”.

Joana e Rita tornaram-se amigas na A.A.S.U.L. Trata-se de uma “associação católica da Universidade de Lisboa”, ou como é normal designar-se entre os mais novos, um grupo de jovens católicos. Joana Andrade explicou ao Notícias ao Minuto que “existem muitas pessoas que entram [no grupo] que não são católicas. As pessoas que não nos conhecem, começam a sentir que há aqui qualquer coisa, ficam curiosas e pensam: O que é há aqui mais que eu não sei?”.

Como adianta o Patriarcado de Lisboa, “em cinco anos os núcleos de estudantes católicos nas faculdades em Lisboa aumentaram 400%. Há cinco anos, o número não ultrapassava os quatro; atualmente são 16 os núcleos juvenis que existem em diversas universidades”.

Ao contrário de Rita, que abraçou a religião católica por iniciativa própria – já chegaremos a esta história mais à frente -, Joana “não sabe o que é viver sem Jesus”. Apesar de os seus pais lhe terem “incutido” a religião católica desde miúda, já passou “por fases” em que não concorda a 100% com aquilo que a igreja diz. “Será que isto faz sentido? Será que não?”, interroga-se. “Tenho crises com a igreja e tenho crises de fé como qualquer outra pessoa, mas sinto sempre no meu dia-a-dia que Jesus está comigo, não sei explicar porquê. Por isso, nunca tive na minha vida uma crise em que deixasse de acreditar em Jesus”, garantiu.

Para mim faz sentido eu viver a minha vida a tentar seguir Jesus. Se Ele existe ou não, isso para mim está muito claro (…) É um bocadinho cliché, mas é uma coisa que se sente mesmo

Porém, Joana não é “nenhuma beata”. E não se considera “perfeitinha”. Considera, sim, que com Jesus o seu “caminho é de crescimento”. Se houve momentos em que discordou da Igreja, – na sua opinião pessoal, como fez questão de frisar – o Papa Francisco ajudou-a muito.

“Houve mudanças enormes, de pensamento não sei. Acho que este Papa, e não é preciso ser-se católico para perceber, está a abrir muitas mentes. E abrir mentes, a meu ver, faz com que o sentimento de culpa diminua em muita coisa. Pode ser um erro eu dizer isto, mas por vezes a igreja faz com que vivamos com um sentimento de culpa facilmente. ‘Não devíamos fazer isto porque estamos a pecar’ – isto mói uma pessoa, cansa. E isso cria uma imagem de Deus errada e distorcida. Parece que vemos Jesus ou Deus como um castigador”, explicou.

Para si, graças ao novo chefe de Estado do Vaticano, “esta visão de Jesus” tem conseguido ser eliminada e daí conseguir “criar uma sensibilidade nas pessoas, católicas ou não católicas, que é muito “notória”.

Uma realidade que começou sem Jesus

Concordando que a influência deste Papa é positiva, o percurso de Rita Caniço em nada se pode comparar ao de Joana. Apesar de agora o denominador comum ser, além da amizade, Jesus, Rita cresceu no seio de “uma família que não é católica”, não foi “habituada a ir à missa”, mas desde as suas primeiras aulas de catequese que nasceu a semente da religião dentro de si.

“Afastou-se muito da religião no secundário”, mas na faculdade voltou a recuperar as ligações a Jesus. Começou por se iniciar nas missões – termo designado para as ações de voluntariado – e quando conheceu a sua atual colega de direção na A.A.S.U.L., decidiu "ir a uma reunião”.

“A partir daí foi muito mais fácil a parte de conseguir estar perto de Jesus e a parte da oração, porque em casa às vezes a preguiça é muito maior. Como os meus pais não têm o hábito, acabo por me desleixar porque sei que ninguém vai reparar”, constatou. Sobre a associação, que se caracteriza essencialmente pelo seu trabalho na área do voluntariado de Lisboa até Cabo Verde, realça o facto de serem "mesmo uma família”.

Torna-se inevitável questionar: sendo estas duas raparigas católicas e “normais”, como encaixam os assuntos como a homossexualidade, ou o divórcio?

Rita foi pronta a responder. “Temos uma mente liberal, mas liberal q.b. Isto é: sabemos que a igreja não diz simplesmente que não aceitamos pessoas homossexuais. Para a igreja, o casamento é a formação de uma família. E na conceção de família da igreja, uma pessoa tem de ser gerada pelas duas pessoas do casal. Pessoas do mesmo sexo não têm a capacidade reprodutiva de o fazer”. Mas, ressalvou: “Achamos que… é muito generalizado e castigam demasiado a igreja porque exageram. A igreja não diz eu não aceito homossexuais”.

Acho que a sociedade exagera porque não tem conhecimento. Não quer conhecerQuanto ao aumento deste grupos de jovens, Rita encontra a explicação no facto de “estes movimentos estarem cada vez mais abertos, no sentido de que estão a perceber que têm de ir ao encontro das pessoas”. Joana destacou, por sua vez, o “brutal” que é “ver que há muita gente que não é católica, mas que quer dar o seu tempo a outras pessoas”.

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