A ação de protesto, organizada pelo Sindicato de Enfermeiros Portugueses (SEP), teve início pelas 10:30 em frente ao Centro de Saúde, e foi pacífica, tendo os manifestantes envergado bandeiras brancas, vermelhas e azuis do sindicato.
Quanto a palavras de ordem, ouviu-se apenas uma, no final de um rol de discursos: "Governo escuta, enfermeiros estão em luta".
"Esta greve tem início hoje - e estamos aqui também para explicar à população os nossos motivos -, e vai continuar até ao final de maio, durante todos os feriados e fins de semana", disse aos jornalistas Isabel Barbosa, coordenadora da direção regional de Lisboa do SEP.
Os motivos prendem-se com "a carência de enfermeiros extrema", afirmou.
Apontando que "os enfermeiros estão exaustos", a coordenadora salientou que "é humanamente impossível dar resposta a todas as necessidades", acrescentando que "há programas que neste momento estão suspensos".
No ACES Lisboa Norte existem, atualmente, 252 mil utentes inscritos para um total de 126 enfermeiros, e segundo a coordenadora de Lisboa do SEP seriam necessários, "pelo menos, mais 90 enfermeiros".
Também a realização de horas extraordinárias motivou o protesto.
"Os enfermeiros são obrigados a fazer horas extraordinárias durante a semana, e tudo aquilo que é necessário fazer durante a semana, tanto atendimento complementar como as próprias equipas dos cuidados continuados e integrados, fazem tudo em horas extraordinárias", firmou Isabel Barbosa, acrescentando que também ao fim de semana os enfermeiros fazem horas extra.
Relativamente à adesão ao protesto, o SEP apontou que "rondou os 82%", sendo que 10 unidades de saúde "estão em 100%, e não houve enfermeiros a ir trabalhar".
"Aqui em Sete Rios a sala de tratamentos está encerrada, de momento", observou.
Por seu turno, o SEP também já anunciou que irá marcar uma greve nacional nos dias 30 e 31 deste mês.
Os deputados Moisés Ferreira (Bloco de Esquerda), e Miguel Tiago (Partido Comunista Português) quiseram associar-se à concentração dos enfermeiros, e também o candidato à Câmara Municipal de Lisboa pelo BE, Ricardo Robles, marcou presença no protesto.
Em declarações à agência Lusa, o deputado Moisés Ferreira advogou que "a luta dos enfermeiros é justa do ponto de vista das reivindicações profissionais" e vai de encontro a "um melhor Serviço Nacional de Saúde", com "maior e melhor capacidade na assistência aos doentes".
"O BE tem, junto do Ministério da Saúde, pressionado muito para a necessidade de contratação de mais profissionais", observou.
Por seu turno, o eleito do PCP Miguel Tiago salientou que as reivindicações dos enfermeiros "são necessárias para a qualidade do Serviço Nacional de Saúde", uma vez que a "falta de profissionais se reflete na qualidade do serviço" que os cidadãos obtêm.
"Neste momento, a luta dos trabalhadores é um elemento fundamental para permitir que este Governo perceba que é preciso ir além do discurso, e é preciso dar resposta concreta às questões que se colocam", acrescentou o deputado.