Em declarações aos jornalistas, depois de ter estado reunido cerca de duas horas no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), em Oeiras, António Costa, considerou, no entanto, que "é prematuro tirar ilações sobre o que terá acontecido naquele local".
Questionado sobre o que terá causado tantas vítimas mortais, respondeu: "Neste momento, é obviamente prematuro tirar ilações sobre o que terá acontecido naquele local. Algo de muito especial aconteceu, seguramente, pela dimensão das vítimas que teve. Neste momento, a Polícia Judiciária (PJ) está já no local, a quem compete a investigação, com o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O primeiro-ministro adiantou que também o Instituto nacional de Medicina Legal foi acionado e disse que "há que fazer a identificação, e há também que ver as causas".
António Costa referiu que "todas as vítimas mortais estavam concentradas numa via de circulação ou nas suas imediações".
"Durante o dia houve um total de 156 incêndios em todo o país. Neste momento, onze ainda estão ativos e dois suscitam particulares preocupações. Esta situação de vítimas humanas não foi generalizada nos incêndios, ocorreu num único incêndio e num único local", enquadrou.
Segundo o primeiro-ministro, "os meios que têm estado empenhados têm respondido à generalidade das situações".
"Houve uma situação meteorológica particular a partir das 14 horas, numa extensão entre Coimbra e o norte do Alentejo, com a sucessão de trovoadas secas que terão estado na origem destes incêndios, e que terão gerado fenómenos meteorológicos de grande concentração e violência, como este que vitimou o conjunto destas pessoas", acrescentou.
De acordo com António Costa, que tinha ao seu lado o presidente da ANCP e o comandante operacional nacional da Proteção Civil, "em todos os locais onde deve haver evacuação têm sido acionados os meios de evacuação".
"A maior parte destas vítimas não estava em residências, estavam, aliás, em deslocação em viatura", frisou, reiterando, porém, que não queria estar a especular sobre como terá ocorrido tão grande número de mortes, nem sobre o número final de vítimas.
Instado a explicar o que levou tanta gente a morrer numa mesma estrada, declarou: "Não vamos estar aqui neste momento a responder àquilo cuja resposta não se sabe. O que é normal que aconteça, perante ocorrências destas, é que naturalmente as autoridades atuem no sentido de encerrar as vias de circulação".
O primeiro-ministro admitiu que possa não ter havido tempo de encerrar aquela via, dada as circunstâncias do "fenómeno que ocorreu", assim como "não deu tempo às pessoas para fugirem".
Quanto ao que levou as pessoas àquela via, disse: "Não se sabe. Essa investigação há de ser feita".
António Costa reafirmou que esta é "a maior tragédia" dos últimos anos em Portugal e defendeu que agora as prioridades são combater os incêndios ainda ativos, identificar as vítimas, apoiar as suas famílias e procurar esclarecer o que terá causado tantas mortes.