Pelo menos 62 mortos numa tragédia sem precedentes. Tudo o que já se sabe

Tudo o que se sabe até ao momento sobre aquele que é incêndio mais mortífero das últimas décadas em Portugal.

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Carolina Rico com Lusa
18/06/2017 23:45 ‧ 18/06/2017 por Carolina Rico com Lusa

País

Pedrógão Grande

O número de vítimas mortais no incêndio que deflagrou na tarde de sábado em Pedrógão Grande não para de subir. São já 62 as vítimas mortais, civis, pelo menos 47 das quais apanhados pelas chamas quando circulavam por estradas.

O "cenário é horrível", descreve o secretário de Estado da Administração Interna. Famílias inteiras encontradas mortas, carbonizadas, dentro dos carros onde tentaram fugir ao fogo.

Este é o incêndio mais mortífero das últimas décadas em Portugal e o Governo já anunciou que serão decretados três dias de luto nacional. Para além disso, António Costa também já fez saber que as escolas serão encerradas e os exames nacionais dos estudantes locais serão adiados.

Numa mensagem ao país, esta noite, Marcelo Rebelo de Sousa falou na necessidade de o país se manter unido como um só. "Nos instantes mais difíceis da nossa vida como nação, somos como um só, por Portugal”, disse, referindo que esta tragédia lhe deixa com um sentimento de "injustiça".

Há ainda a registar 62 feridos, incluindo bombeiros, e centenas de desalojados, com muitas casas ardidas. Fonte da GNR descreveu ao Notícias ao Minuto um cenário marcado por aldeias que foram totalmente queimadas.

O incêndio mantém quatro frentes ativas, duas das quais com extrema violência. Um cenário dantesco, filmado por quem fugia do local e fotografado pelos fotojornalistas. A ministra da Administração Interna fez saber também que a frente ativa em Pedrógão Grande já entrou no concelho de Castelo Branco, mais precisamente na Sertã.

A maior parte das aldeias de Figueiró dos Vinhos está cercada pelas chamas e os habitantes estão a ser encaminhados para "zonas seguras" na sede do concelho.

Dezenas de pessoas que fugiram das suas casas sob ameaça das chamas foram acolhidas por populares na freguesia de Avelar, em Ansião, onde está em curso uma operação logística com alimentação e alojamento.

Por outro lado, existem muitos que estão a resistir na tentativa de proteger os seus bens. Relativamente a estes, Constança Urbano de Sousa afirmou que "as populações não podem resistir. Qualquer resistência às ordens das autoridades não é admissível. As pessoas têm de ser colocadas em segurança. A vida humana tem de ser salvaguardada em primeiro lugar”.

O presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Fernando Lopes um dos concelhos do distrito de Leiria afetados pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, descreveu a situação que se vive como "caótica" e "catastrófica".

As operações mobilizam cerca 880 operacionais,  275 veículos e dez meios aéreos. Foram ainda acionados aviões de Espanha e França, que se disponibilizaram a apoiar Portugal.

Está ainda no local uma equipa de desastres de massa do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) e várias equipas da Polícia Judiciária. Caberá a estes operacionais analisar o local identificar as vítimas.

Tudo aponta que as chamas tenham começado devido às trovoadas secas registadas na zona no início da tarde de sábado, fenómeno que promete voltar a repetir-se este domimgo.

O diretor nacional da Polícia Judiciária confirma esta tese e afasta qualquer indício de origem criminosa. Diz que foi encontrada a árvore onde tudo terá começou, atingida por um raio.

 

Abraços de Marcelo, perguntas por responder

Marcelo Rebelo de Sousa esteve na noite passada em Pedrógão Grande e abraçou todos aqueles que encontrou. Deixou as condolências às famílias das vítimas e uma palavra de "gratidão e conforto" a todos os que estão envolvidos no combate ao incêndio.

"Penso que nada falhou", disse o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, sublinhando que foi possível encontrar no posto de comando em Pedrógão Grande uma "grande capacidade de organização e de estratégia".

O comandante operacional da Proteção Civil nacional, Rui Esteves, disse hoje que os meios de combate a incêndios enviados para Pedrógão Grande no sábado foram "claramente" os adequados.

Para garantir a segurança das populações, há várias estradas nacionais e municipais cortadas. Porque não estava cortada a via onde tantas pessoas perderam a vida, na estrada nacional que liga Figueiró a Castanheira de Pera?

"O trânsito estava cortado", garantiu este domingo o secretário de Estado da Administração Interna Jorge Gomes, "mas nós enquanto condutores nem sempre cumprimos as regras de trânsito". Além disso, as vítimas podem ter usado vias secundárias para chegar à estrada em questão.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, defendeu que "o momento é de dor e de pesar" pelas vítimas, assegurando que depois será feita uma avaliação do que aconteceu.

PS, o PSD e o CDS cancelaram as suas agendas políticas para hoje e o vice-presidente da Assembleia da República, Jorge Lacão, manifestou em nome de todo o parlamento condolências às famílias das vítimas.

A nível internacional, Portugal faz notícia. O Papa Francisco reza pelas vítimas, a Casa Real de Espanha, Macron e Tsipras expressaram solidariedade por Portugal e Juncker sublinhou "bravura" dos bombeiros portugueses.

O comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, anunciou  que a União Europeia está pronta ajudar Portugal, tendo já sido enviados aviões de combate a incêndios pelo Mecanismo de Proteção Civil europeu.

Também a população está ser desafiada a ajudar. Entre campanhas online, angariação de fundos e pedidos de transferências bancárias são várias as formas disponíveis para dar o contributo e ajudar os que foram afetados por esta tragédia. 

Personalidades bem conhecidas do público, como André Villas-Boas ou Salvador Sobral, também já anunciaram o seu apoio à causa, através da doação de valores monetários. Já a Uber vai disponibilizar esta segunda-feira veículos à borla para reunir bens que serão posteriormente entregues aos bombeiros de Lisboa e do Porto.

A onda de solidariedade foi tão grande, que a ministra da Administração Interna veio, à noite, apelar para que se suspenda a doação de bens alimentares, uma vez que o excesso de bens doados está a criar problemas de logística.

 

Esta notícia está em permanente atualização. Acompanhe aqui todas as notícias sobre este e outros incêndios a afetar o país.

 

 

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