"Muitas vezes, o melhor desempenho não impede os piores resultados"

O primeiro-ministro revelou a resposta que a GNR lhe deu sobre o que terá acontecido no fatídico sábado, na EN 236, já tratada como ‘a estrada da morte’, na sequência dos fogos que assolam Pedrógão Grande.

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© Reuters

Pedro Filipe Pina
20/06/2017 21:13 ‧ 20/06/2017 por Pedro Filipe Pina

Política

António Costa

O primeiro-ministro deixou ontem três questões que quer ver respondidas o quanto antes pelas autoridades, entre elas o esclarecimento sobre o porquê de a EN 236 não ter sido cortada atempadamente. Foi precisamente nesta via junto a Pedrógão Grande onde morreu a maior parte das vítimas deste fogo que lavra na região desde sábado.

Esta primeira dúvida foi também a primeira colocada por Judite de Sousa, jornalista da TVI, a António Costa.

“Uma tragédia com esta dimensão humana, de que não temos memória, suscita muitas interrogações e exige todos os esclarecimentos”, começou por dizer o primeiro-ministro, abordando depois a resposta que já tinha recebido sobre esta matéria, resposta essa dada pela GNR.

A resposta “corresponde em síntese ao que tem sido a descrição do dramatismo e da rapidez com que tudo aconteceu naqueles 400 metros de estrada”, explicou o primeiro-ministro, que citou de seguida a GNR.

“O fogo terá atingido esta estrada de forma totalmente inesperada, inusitada e assustadoramente repentina, surpreendendo todos, desde as vítimas aos agentes da Proteção Civil”, onde se incluíam os militares da GNR.

Salvaguardando que haverá “uma resposta final do devido tempo”, o primeiro-ministro afirmou que esta resposta da GNR “é consonante com aquilo” que ele próprio ouviu no domingo, quando esteve em Pedrógão Grande, e que ouviu de autarcas, técnicos e “vários populares”

“Foi algo muito súbito que aconteceu”, salientou dos relatos. “Essa surpresa”, acredita, “deve ter estado na origem da razão pela qual as pessoas se sentiram seguras por seguir” por aquele caminho.

Questionado sobre se terá havido descoordenação entre meios, António Costa afirmou que o país tem “um sistema integrado de comando que define os diferentes patamar das autoridades em situações de catástrofe”, como esta.

“Estamos numa situação absolutamente anómala. Naquele sábado houve 156 incêndios em todo o país. À noite, quando esta notícia [da tragédia de Pedrógão Grande] começou a ser conhecida, havia dois incêndios preocupantes, que são aliás os que se mantém ativos”: Pedrógão Grande e Góis.

Sobre a reação das autoridades, diz ainda António Costa que “é sempre difícil medir a forma como o comando foi exercido e as ações executadas em função dos resultados. Muitas vezes, o melhor desempenho não impede os piores resultados”, lamentou, acrescentando que a estrutura em funcionamento em Portugal é “profissional”.

A “gestão” de um incêndio, explicou, é tendencialmente mais difícil “quando os incêndios não são controlados na primeira hora e ganham uma dimensão calamitosa”, como se veio a verificar.

“Por isso é que, desde há vários anos, a estratégia que se definiu” passa por “dar prioridade absoluta à primeira intervenção, para controlar o fogo no momento em que nasce. É isso que explica, que de 156, haja dois que escaparam ao controlo”, defendeu.

“É muito duro também, para quem está na frente de combate – os bombeiros, os elementos da GNR, os militares das Forças Armadas, os elementos da Polícia Judiciária, os técnicos de Medicina Legal, todos a fazer um trabalho extraordinário – estarem sistematicamente a ver ser posta em causa a forma como estão a desempenhar as suas funções”, afirmou.

“Mantenho a confiança na cadeia de comando, desde a senhora ministra até aos homens que estão a intervir no combate, e assim manterei até estas circunstâncias estarem completamente concluídas. Se no final, apurando alguma responsabilidade, claro que teremos de tirar consequências” Porém, “até agora, não tenho nenhuma evidência em que qualquer um escalão de comando, tenha havido qualquer falha”, rematou.

[Notícia atualizada às 21h30]

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