O humorista e colunista do Correio da Manhã decidiu abordar a questão das condições no serviço de pediatria no Hospital São João, no Porto, alvo de queixas de alguns pais de crianças com cancro, relacionando-a com a situação na Síria e o défice nacional.
Fê-lo recorrendo à ironia que caracteriza os textos que publica na sua coluna de opinião ‘Pífios epitáfios’, mas alguns internautas não apreciaram a analogia e até o tom de ‘brincadeira’.
“Até li duas vezes para ver se estava a ler bem...”, “Fazer ironia com crianças com cancro revela falta de uma série de competências, uma delas a solidariedade, outra a empatia...”, “Uma ironia de muito mau gosto, talvez porque o senhor não tem um filho nessa situação, caso contrário não encontraria ponta de piada para afiar a pena”, são alguns exemplos dos comentários que estão a circular nas redes sociais.
Há, porém, outros internautas com uma opinião diferente. “A ironia é uma boa forma de passar a mensagem. Parece-me claro que está a ser irónico...”, “Este artigo é uma violenta crítica à situação. Humor corrosivo que critica muito mais que outras críticas feitas aos berros”, acrescenta outro dos internautas.
‘Oncolamúrias’, o texto que está a dividir opiniões© Facebook
No texto, publicado na última terça-feira (dia 10), José Diogo Quintela escreve que “é preciso muita vontade de atacar o Governo, para os pais terem a lata de reclamarem das condições em que os filhos fazem quimioterapia, justamente na mesma semana em que as crianças sírias levaram os seus químicos sem se queixarem da assoalhada em que estão”.
“No S. João, ao menos, têm um corredor. Já viram Ghouta? Nem paredes há! Trata-se de paizinhos que se lamuriam das condições de tratamento dos filhos, mas provavelmente rejubilam com o défice de 0,9%”, escreve, rematando: “E ainda têm o desplante de se queixarem das correntes de ar. A criança tem cancro e é uma constipaçãozinha que lhe vai fazer mal? Picuinhas”.