Requisição civil: "Feitiço" do Governo "pode voltar-se contra feiticeiro"

O fundador do Clube dos Pensadores condena a tomada de posição do Governo ao decretar a requisição civil perante a greve dos enfermeiros e sai em defesa destes profissionais, os "parentes pobres" da saúde.

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© Joaquim Jorge

Melissa Lopes
08/02/2019 15:08 ‧ 08/02/2019 por Melissa Lopes

Política

Joaquim Jorge

Joaquim Jorge condena a requisição civil decretada pelo Governo à greve dos enfermeiros, considerando-a “uma atitude musculada” do Executivo para “virar a opinião pública a seu favor, e capitalizar o descontentamento de muitos doentes que não são atendidos e outros operados”. No entanto, avisa, “pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro”.

Numa análise sobre o braço de ferro entre sindicatos e Governo, que agora caminha para uma batalha judicial em torno da greve cirúrgica, o fundador do Clube dos Pensadores começa por comentar que os enfermeiros são os “parentes pobres” da saúde, ao contrário dos médicos que “são os parentes ricos”.

Na opinião de Joaquim Jorge, os médicos “sempre tiveram a mania que são os únicos doutores deste país” e que, aliás, prova disso é o facto de não terem feito muitas exigências. “Sinal que estão bem e recomendam-se”, frisa.

Quanto à greve nos blocos operatórios, cuja segunda fase se iniciou no passado dia 31 de janeiro e que decorreria até ao final do mês de fevereiro, o biólogo constata que é natural que implique “transtornos”. Até porque tem “por finalidade chamar à atenção pelas suas reivindicações”, nota, considerando que “fazer uma greve que não tenha consequências não tem razão de ser”. Neste sentido, comenta, é evidente que os doentes são prejudicados por esta greve, “ assim como, quando há uma greve dos professores são prejudicados os alunos, ou assim como, quando há uma greve dos transportes os passageiros são prejudicados”, compara.

Por outro lado, o biólogo critica os utentes de saúde, de quem diz nunca ter visto “uma tomada de posição em defesa de quem os serve – enfermeiros, médicos e outros - e das condições para o fazer”. “Não podemos só olhar para o nosso umbigo e pensarmos em ser bem atendidos e servidos, temos de analisar as condições em que isso é feito”, atira, lamentando que os portugueses queiram ter um ensino e uma saúde de qualidade mas sem querer pagar.

Joaquim Jorge, que diz respeitar muito a classe, defende que os enfermeiros “não podem ser considerados licenciados de segunda”, frisando que se muitos deles são licenciados “têm de ter uma remuneração igual na função pública aos licenciados”.

Na sua opinião, o “furo dos serviços mínimos” - que uma denúncia acusou de estarem a ser violados nesta greve - “dever-se-ia averiguar”, assim como também a forma como está a ser financiado o apoio aos enfermeiros.

Por fim, Joaquim Jorge advoga que se deve voltar às negociações entre sindicatos e o Governo de Costa - “campeão de acordos”. No entendimento do fundador do Clube dos Pensadores, o Executivo crê que esta “prova de força” o vai beneficiar, no entanto, avisa, “pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro” e Rui Rio e o PSD podem começar a ter alguma esperança”, analisa.

“Compreendo que o OE não dá para tudo, mas há futuro e lentamente pode-se corrigir desigualdades e idiossincrasias”, defende, rematando com uma crítica: “Os portugueses quando veem alguém subir na carreira ou ganhar mais dinheiro, a inveja grassa e tolhe as mentes”.

 

 

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