Sem surpresas, deputados chumbam (segunda) moção de censura ao Governo

Tal como previsto, a segunda moção de censura contra o Governo foi rejeitada no Parlamento com os votos do PS, Bloco de Esquerda, PCP, Verdes e PAN. Ao lado do CDS , também sem surpresas, esteve apenas o PSD.

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Melissa Lopes, Ana Lemos e Lusa
20/02/2019 18:34 ‧ 20/02/2019 por Melissa Lopes, Ana Lemos e Lusa

Política

Parlamento

Depois de mais de três horas de debate, troca de acusações e lançamento de 'farpas' da Esquerda à Direita e vice-versa, o Parlamento votou e chumbou, esta quarta-feira, a moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS. Assunção Cristas baseou a moção no argumento de que o “Governo está esgotado” e o primeiro-ministro, “perdido”, só já está a pensar em eleições, ao invés de governar o país.

Sem surpresas, PS, Bloco de Esquerda, PCP, Verdes e PAN votaram contra a segunda moção de censura apresentada pelo CDS contra o Executivo de António Costa. À Direita, também sem qualquer surpresa, o PSD votou favoravelmente a iniciativa centrista.

No total, 103 deputados votaram a favor, face a 115 contra. Não houve qualquer abstenção. De referir que o deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira, eleito nas listas do PS em 2015, também votou contra a moção de censura.

O anúncio da rejeição do texto do CDS-PP foi aplaudido de pé por toda a bancada socialista.

Recorde-se que, Bloco e o PCP anunciaram, na própria sexta-feira (dia 15), que iriam votar contra a moção, considerando a iniciativa centrista mais um ataque ao PSD do que propriamente ao Governo.

Esta é a 8.ª moção apresentada pelo CDS, partido recordista na censura aos governos, e a 30.ª a ser discutida na Assembleia da República em 45 anos de democracia, desde o 25 de Abril de 1974. 

Governo "sai reforçado"

Na sua estreia em plenário como ministra, Mariana Vieira da Silva afirmou que, "com esta rejeição, o Governo sai com a confiança reforçada no rumo seguido ao longo destes três anos e com a certeza do caminho que quer continuar a seguir".

"Com esta rejeição, ganha também o país, que vê prosseguir um caminho de recuperação da economia, do emprego, dos rendimentos e do investimento. Com esta rejeição, ganham os portugueses, que veem continuado um caminho de esperança que devolve a confiança num futuro de progresso e prosperidade", acrescentou a nova ministra da Presidência, que tomou posse na segunda-feira e a quem coube encerrar pelo Governo este debate.

Moção "era desnecessária" e "PSD não precisa de se pôr em bicos de pés"

Sobre as críticas de que o PSD foi 'encostado' pelo CDS-PP com a apresentação desta censura ao Governo, Fernando Negrão considerou que "todas as críticas são legítimas no parlamento". "O PSD não precisa de se pôr em bicos de pés, fez o que entendeu, o CDS fez o que fez, mas o que realmente importa é a má governação que o país tem", considerou.

A sugestão de Cristas que Costa recusou (sem hesitar)

Assunção Cristas justificou a moção de censura com "o esgotamento" do Executivo, "incapaz de encontrar soluções" para o país e de só estar a pensar "nas próximas eleições". Por isso, sugeriu, "se quer ajuda para governar, então troquemos e veremos qual é a diferença".

A resposta de António Costa foi curta e disse: "Já vimos". "Já vimos", foi repetindo, porque, se o governo PSD/CDS tivesse continuado, os funcionários públicos teriam de ter esperado por 2019 pela reposição de salários, enquanto com o executivo socialista isso aconteceu em 2017 e 2018.

CDS fez "papel de idiota"

O tribuno do PCP, António Filipe, disse que "o real objetivo" da iniciativa dos democratas-cristãos "não é derrubar o Governo", mas "marcar território à direita".

"O destinatário desta moção não é o Governo, é, principalmente, o PSD e, assessoriamente o recém-criado Aliança, nascido da mesma cepa e envelhecido nas mesmas caves. É uma moção que o PSD poderia apresentar, mas não quer, e que Santana Lopes quereria apresentar, mas não pode", continuou.

O desafio: "Porque não apresenta o Governo uma moção de confiança?"

A poucos minutos da votação, e chumbo, da moção do CDS, Mota Soares recordou os motivos por que foi apresentado o texto e concluiu que, apesar de não cair, não acabar, "este é um Governo acabado".

O deputado e 'número dois' na lista do CDS às europeias de maio fez uma série de perguntas, em jeito de desafio: "Se esta solução governativa é tão forte, tão boa, tão coesa, tão estável, porque é que o Governo não apresenta uma moção de confiança? Porque será? De que o Governo tem medo?", questionou, sem dar respostas.

A diversão ficou a cargo de Telmo Correia e do "berloque no chapéu" de Costa

O deputado do CDS pôs toda a Assembleia da República a rir ao "imaginar" um militante comunista de Cuba, no Alentejo, a perguntar-se por que tem o PCP de votar os orçamentos se o executivo "governa com a direita".

"Se eles governam com a direita, porque raio somos nós a votar os orçamentos? [O militante] fica baralhado", afirmou Telmo Correia, já na reta final do debate da moção de censura ao Governo, apresentada pelo CDS. E imaginou ainda outra pergunta: "Porque somos nós a aguentar o malandro do Costa?"

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