Minutos antes do final do debate e da votação da moção de censura apresentada pelo CDS-PP, na Assembleia da República, na sua estreia em plenário como ministra, Mariana Vieira da Silva afirmou que, "com esta rejeição, o Governo sai com a confiança reforçada no rumo seguido ao longo destes três anos e com a certeza do caminho que quer continuar a seguir".
"Com esta rejeição, ganha também o país, que vê prosseguir um caminho de recuperação da economia, do emprego, dos rendimentos e do investimento. Com esta rejeição, ganham os portugueses, que veem continuado um caminho de esperança que devolve a confiança num futuro de progresso e prosperidade", acrescentou a nova ministra da Presidência, que tomou posse na segunda-feira e a quem coube encerrar pelo Governo este debate.
Na parte inicial da sua intervenção, Mariana Vieira da Silva acusou o CDS-PP de incoerência, referindo que quando o atual executivo iniciou funções, em novembro de 2015, era criticado por "pôr em risco as contas públicas" e "pela falta de gradualismo na reposição de direitos e rendimentos" pelos centristas, assim como pelo PSD.
"Numa reviravolta de argumentos, acusam afinal o Governo de não responder positivamente a todas as pretensões salariais e a todas as pretensões de progressão nas carreiras", apontou.
Segundo a ministra, puseram de lado "preocupações com despesismo ou com descontrolo das contas públicas" e esqueceram "tudo o que anunciavam como iminente há menos de três anos".
"Emprego, défice e dívida: três temas sobre os quais o CDS prefere agora não falar. O CDS de 2019 tem vergonha do que dizia o CDS de 2016, e compreende-se", considerou.
No que respeita à governação, a ministra reclamou que o Governo "cumpriu o seu programa e as políticas com que se apresentou a esta Assembleia", elencando decisões como a reposição de rendimentos e o aumento do salário mínimo nacional e dados sobre a evolução da economia, do emprego e do défice.
No plano da saúde, o setor mais criticado neste debate, Mariana Vieira da Silva contrapôs que o executivo "reforçou o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a contratação de 9000 profissionais de saúde e 100 novas unidades de saúde familiares (USF), reduziu o número de portugueses sem médico de família e incluiu a saúde oral e visual nos cuidados primários".
Quanto ao texto da moção de censura do CDS-PP, a ministra da Presidência descreveu-o como "uma amálgama de protestos avulsos, muitos deles contraditórios nos termos e propósitos", sem "uma única ideia, uma única proposta, uma única solução para os problemas dos portugueses".
Relativamente à contestação social, disse que os centristas "agitam" essa bandeira, mas evitam tomar posição sobre o que está em causa, e perguntou: "Com que reivindicações concordam? Que medidas tomariam? Quais são os seus custos e o que deixariam de fazer para assumir como suas essas reivindicações?"
"Censurar é sempre fácil, mas em democracia o que se espera de um partido que queira ser responsável é simples: que mostre as suas soluções, que defenda as suas políticas, que apresente as suas contas. Para quem passou os primeiros dois anos deste Governo a agitar o fantasma do despesismo e do descontrolo, é o mínimo que se exige", argumentou.