Jerónimo de Sousa, no centro de trabalho comunista Vitória, em Lisboa, sublinhou que "as eleições legislativas de outubro próximo serão momento um decisivo" e que "o resultado de hoje deve constituir um sinal de alerta", embora sem querer fazer futurologia sobre futuros resultados ou eventual repetição da atual posição conjunta assinada com o PS em outubro de 2015.
A CDU tinha obtido há cinco anos o seu segundo melhor resultado de sempre em sufrágios europeus, sendo a terceira força política mais votada, com 12,7%, e três mandatos conquistados. Segundo as projeções e resultados oficiais já conhecidos a CDU vai perder pelo menos um dos lugares em Bruxelas e Estrasburgo, vendo o BE assumir-se como terceira força política mais votada.
"O resultado da CDU não só é particularmente negativo para a defesa dos interesses do povo e do país no Parlamento Europeu, como não corresponde, quer ao ambiente de apoio expresso durante a campanha, quer ao reconhecimento que continuadamente foi feito do trabalho da CDU e da contribuição decisiva de PCP e PEV para o percurso de avanços nas condições de vida alcançados nestes três anos e meio", disse o líder comunista.
Jerónimo de Sousa vincou que "se as eleições agora realizadas se revestiam de inegável significado, as eleições legislativas de outubro próximo serão um momento decisivo para determinar o rumo da vida política nacional e a vida do povo português nos próximos anos".
"O resultado de hoje deve constituir um sinal de alerta para todos quantos têm na sua mão o poder de decidir se querem, com o reforço da CDU, fazer avançar o país e suas vidas ou se querem andar para trás e correr o risco de andar para trás e perder o que se conquistou em direitos, salários, pensões e reformas", continuou.
O líder do PCP afirmou ainda que "ninguém tem dúvidas que, durante meses, campeou a mentira, a difamação, a desvalorização e apoucamento da CDU e da sua campanha, o que teve consequências", pois tais investidas foram "desferidas por importantes órgãos de comunicação social com os seus comentadores de serviço", algo que terá provocado "desgaste" e "afastou pessoas, com base nos preconceitos".
Questionado sobre o facto de o acordo após as legislativas de 2015 com os socialistas ter tido consequências negativas em termos de adesão eleitoral à CDU, Jerónimo de Sousa reconheceu que tal pode ter acontecido com alguns dos cidadãos eleitores.
"Quanto a fatores internos, aquilo que podemos dizer, em relação a nova fase da vida política nacional, é que pode ter acontecido que, naturalmente, apesar da iniciativa do PCP e do PEV na Assembleia da República, o PS tenha capitalizado alguma coisa e que muitos portugueses se sentiram aliviados, depois daquele Governo PSD/CDS e todas as malfeitorias que realizou", afirmou.
Segundo o secretário-geral comunista, "naturalmente, isto pode ter influenciado muitos portugueses que, numa fase de medos, de dramas, de repente ficaram mais aliviados".
Contudo, Jerónimo de Sousa considerou que a "campanha" da CDU foi "extraordinária", embora "o resultado" seja "negativo".
"Em termos de eleições nada está perdido para todo o sempre.
A CDU durante 15 anos sempre teve só dois deputados. Temos de reconhecer que é uma dificuldade para a nossa luta, mas não é um resultado eleitoral que abala as nossas convicções e o compromisso de estar com os trabalhadores e o povo seja nas horas boas ou nas horas más", prometeu.