"Houve uma espécie de OPA nacional, uma nacionalização da campanha tomada pelo primeiro ministro e eu acho que isso dificultou a passagem da mensagem europeia. Mas não rejeito as nossas responsabilidades", afirmou.
Paulo Rangel, que entrou sozinho na sala onde os vários dirigentes acompanharam a noite eleitoral, sublinha que o partido fez tudo o que estava ao seu alcance, contudo, a mensagem "não passou como gostariam".
"Nós arrancámos para este desafio em circunstâncias difíceis para os partidos, com a criação de novos partidos na área do PSD, alguma turbulência interna e a partir daí definimos um rumo", acrescentou.
O eurodeputado considera ainda que a campanha foi "difícil" por causa da "nacionalização excessiva", que no seu entender, perverteu a lógica das eleições europeias que têm uma dimensão nacional, "mas não ao ponto de as tornar exclusivas como acabou por acontecer designadamente por ação de António Costa".
O cabeça de lista do PSD assume que o partido falhou os objetivos de vencer as eleições e eleger mais um eurodeputado do que em 2014, embora tenha "aumentado o peso eleitoral".
"O partido não alcançou o objetivo que fixou para si próprio, mas aumentou o seu peso eleitoral - fomos em coligação [em 2014] - mas esse aumento não se traduz na eleição de mais um eurodeputado", afirmou Paulo Rangel que que felicitou o PS pela vitória nas europeias.
O eurodeputado salientou que o partido tinha fixado como primeiro objetivo vencer as eleições, e, se tal não fosse possível, "não apenas subir do patamar de 2014", objetivo que considerou "atingido", mas também "garantir mais eurodeputados".
Questionado pelos jornalistas, o social-democrata sublinhou também que os deputados eleitos "estarão ao serviço dos portugueses e saberão representar todos os outros que não votaram no PSD".
O eurodeputado defende, contudo, o resultado eleitoral pelo qual assume responsabilidade, não põe em causa a direção do partido.
"O que está aqui em questão são as eleições europeias", reiterou, escusando a responder se este resultado pode influenciar as legislativas.
"Só um astrólogo poderá dizer. Temos uma experiência, por exemplo 2009 em que o PSD ganha as europeias, o PS ganha as legislativas, depois vêm as autárquicas e o PSD ganha e isto é tudo num espaço que vai de junho a setembro e de setembro para outubro e, portanto, o que eu digo é, sinceramente, não há grandes conclusões a tirar porque muitas vezes há efeitos que são efeitos contrários", defendeu.
Há cinco anos, o PSD, em coligação com o CDS-PP, conseguiu 27,7% dos votos, e elegeu seis eurodeputados (mais um para os democratas-cristãos), numa lista também liderada por Paulo Rangel.
Segundo dados oficiais da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o Partido Socialista era hoje, pelas 22:25, o partido mais votado nas europeias, com 33,81% dos votos e quatro eurodeputados eleitos, com 3.000 das 3.092 freguesias apuradas e 83 dos 100 consulados.
Em segundo lugar estava, à mesma hora, o Partido Social Democrata, com 22,71% dos votos e dois eurodeputados eleitos.