O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse na segunda-feira, em entrevista à TVI, que não lhe "passa pela cabeça" que a requisição civil não seja cumprida pelos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias, defendo que "se isso acontecer já não é com o Governo, é com as forças de segurança e com a justiça".
"O Governo, que se tem desmultiplicado em números mais ou menos mediáticos, a verdade é que parece que já está a aligeirar as culpas, ou dizendo que é uma questão puramente privada e depois diz que se a requisição civil não for cumprida, o problema não é dele, é das forças de segurança", criticou o líder parlamentar do CDS-PP,
, em declarações à agência Lusa.
Para o deputado centrista "isto é inaceitável, é uma desresponsabilização do Governo, uma responsabilização injusta para com as forças de segurança que evidentemente, em democracia, são dirigidas e comandadas pelo Governo".
"O CDS tem mantido o sentido o sentido de responsabilidade e dado condições ao Governo para resolver este problema que é grave e tem afetado a vida, as férias, o trabalho de muitos portugueses, mas dias depois, diria até semana depois, cumpre enunciar alguns factos e retirar uma conclusão", começou por afirmar.
O primeiro facto, segundo Nuno Magalhães, "é que a greve continua, o segundo é que não se sabe quando e como vai acabar, o terceiro é que os portugueses continuam a ver a sua vida prejudicada".
"O Governo, o tal que era da paz e do diálogo social - em contraponto com o anterior, dizia este Governo, dizia o PS, dizia esta maioria - multiplica-se em entrevistas, declarações, visitas, conferências de imprensa, números mais ou menos mediáticos, mas o que é facto é que está tudo na mesma", observou.
Para "estupefação de todos", na segunda-feira, ouviu-se "aquele que era considerado o grande mediador, o ministro das Infraestruturas, vir dizer que se a requisição não for cumprida já não é com o Governo, é com as forças e os serviços de segurança".
"É bom relembrar o senhor ministro que em democracia quem tutela, dirige e comanda as forças de segurança é o Governo, não há aqui forças de segurança de autogestão", destacou.
Para o líder parlamentar do CDS-PP "não é aceitável que este Governo, que não foi capaz ainda de resolver o problema, que esteja a adiar decisões e a atirar responsabilidades para outros, nomeadamente quando estes outros são tão simplesmente tutelados por esse mesmo Governo".
"Creio que é altura de o Governo, dialogando, mediando, assuma as suas responsabilidades e possa resolver o problema que tem afetado a vida de muitos portugueses", apelou.
Para os centristas "não se trata de criticar a requisição civil", uma vez que ao "contrário de outros partido", o CDS-PP crê que "foi uma boa decisão, aliás, era uma decisão mais do que inevitável e esperada face aquilo que está a decorrer".
"Isso não está em causa e nós não mudamos de posição, ao contrário de outros partidos, mediante estarmos no Governo ou estarmos na oposição. Isso é uma medida acertada, mas não chega", avisou.
Na segunda-feira, ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.
O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, após uma reunião do executivo por via eletrónica, justificou a medida depois de o Governo ter constatado que os sindicatos que convocaram a greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas "não asseguraram os serviços mínimos", particularmente no turno da tarde.
A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.