Em entrevista à agência Lusa, Rui Rio defendeu que existem quatro reformas estruturais para o país que devem ser feitas por acordo alargado: sistema político, segurança social, descentralização e justiça.
"Pelo menos estas quatro requerem maiorias alargadas que não têm de ser necessariamente em votos, podem ser em conforto político", afirmou, explicando que são o tipo de reformas que não podem ser invertidas quando o governo muda.
Questionado se uma eventual maioria absoluta pode facilitar essas reformas, o líder do PSD respondeu negativamente.
"Ao contrário do que possa parecer, para reformas estruturais eu acho que as maiorias absolutas não são positivas, não são facilitadoras de reformas estruturais alargadas", afirmou.
Para o líder do PSD, em situações de maiorias parlamentares de um só partido "a oposição muitas vezes tende a estar sempre contra, sempre contra, a colaboração é menor".
"Quando não há maioria absoluta tem de haver maior colaboração e abre-se mais a porta para questões de ordem estrutural", explicou.
Na campanha, Rio não tenciona centrar o discurso na luta contra uma eventual maioria absoluta do PS.
"O meu objetivo não é que o PS não tenha maioria absoluta, o meu objetivo é que eu ganhe as eleições (...) Isso era muito baixinho, era a mesma coisa que eu estar a jogar na liga de honra, que é a segunda divisão, tentando não descer para a terceira", ironizou.
"Aquilo que é a obrigação de qualquer líder do PSD, seja ele qual for, é lutar por ganhar", acrescentou.
Questionado contra quem vai lutar na "guerra" que já assumiu querer travar pela descentralização, Rio preferiu recorrer à sabedoria popular.
"Aqui estou como o povo. Sabe quem é que está contra a descentralização? Eles estão contra a descentralização (...) Quem são eles? Não é o A, nem o B, nem o C, são todos aqueles que, quando tomamos uma medida, vêem o seu interesse afetado", concretizou.
Rio admitiu que o Governo deu alguns passos na passagem de competências para as autarquias, "mas com deficiências", defendendo que é possível fazer mais e melhor.
Sobre se é possível avançar já para a regionalização, o líder do PSD disse que esse passo terá sempre de ser dado "por referendo", mas sem concretizar se entende haver condições para esta consulta na próxima legislatura.
"Eu gostava que se pusesse a referendo algo que me permitisse votar sim, se pusessem a mesma coisa que puseram em 1998 votava não, mas por razões um pouco diferentes", afirmou, considerando que a pergunta feita há 21 anos era "um tiro no escuro".
"A forma como eu vejo é debater-se, fazer-se uma lei, e ser aprovada na Assembleia da República. É essa lei que deve ir a referendo para entrar ou não em vigor, e assim as pessoas já sabem o que estão a votar", precisou.
Por outro lado, enfatizou, essa regionalização -- que definiu mais como a criação de "autarquias grandes" do que "pequenos governos" -- não pode significar mais despesa pública.
"No fim, temos de ter uma melhor governação e menos despesa pública. Eu não voto a favor de nenhum referendo pela descentralização se tal implicar mais despesa pública. Não voto, isso é sagrado", frisou.