Nas eleições legislativas do passado domingo, o Partido Social-Democrata registou um dos piores resultados da sua história. Várias são, inclusive, as figuras proeminentes da política que se erguem em tom de crítica ao líder do partido, Rui Rio. Nuno Morais Sarmento, em entrevista à antena da RTP, começou por classificar este resultado como "curto".
Porém, suavizou, estes resultados devem ser lidos à luz das circunstâncias e "a diferença entre 36-28%" facilmente "se encontra entre o partido ganhador e o segundo".
Tecendo uma análise à derrota do partido, o político considerou que "o mais penalizante para o PSD não foram os quatro anos de Passos Coelho, mas os dois de oposição numa situação muito difícil - um período que termina com as autárquicas com 10% em Lisboa e 11% no Porto. Diria que o PSD estava em risco e esse foi ultrapassado claramente nestas eleições".
Muitos críticos de Rui Rio têm atacado o líder partidário, sugerindo inclusive que este deveria ter adotado a mesma posição de Assunção Cristas, que 'bateu' com a porta no CDS-PP. Aliás, perante este cenário, Luís Montenegro assumiu, inclusive, na noite desta quarta-feira, que é candidato à liderança do PSD nas próximas diretas.
Já quanto à possível candidatura de Rui Rio nas próximas diretas, Nuno Morais Sarmento recordou que "1 milhão e 400 mil portugueses entregaram o voto" a Rio nestas legislativas, "confiaram naquela liderança. Não vejo ninguém com um perfil mais diferenciado", vincou. Aliás, o advogado de profissão recusou ainda a ideia de que as duas últimas derrotas - europeias e legislativas - possam ser impeditivas da continuidade de Rio, pese embora reconheça que essa é uma decisão que "exclusivamente a ele cabe. Se Rio continuar, estarei ao lado dele".
Quanto ao perfil de Montenegro, assumiu Morais Sarmento que "foi um bom líder parlamentar". Porém, e apesar de não gostar "de julgar negativamente as pessoas", o político não lhe reconhece a "competência técnica e a experiência" que reconhece a Rui Rio.
Já questionado relativamente à performance do atual líder do PSD nos últimos dois anos, Nuno Morais Sarmento começou por frisar que o Governo beneficiou de "um ciclo favorável" e este ciclo económico, alertou, "é irrepetível". Apesar das circunstâncias favoráveis, "ficámos em penúltimo em quase todos os indicadores. O país está no mesmo sítio onde estava há quatro anos", criticou.
Depois de António Costa, ao longo desta quarta-feira, se ter reunido com as forças à Esquerda com vista à viabilização de uma solução governativa, Morais Sarmento defendeu que para o país seria melhor um "PS sozinho", justificando que "qualquer outra combinação sai mais cara e impede existência de uma estratégia. Ficamos com o país impedido de avançar".
Sobre a posição transmitida à Lusa pelo ex-Presidente da República Cavaco Silva, de tristeza com os resultados do partido, Morais Sarmento recusou fazer interpretações, mas disse concordar que o PSD precisa de unidade.
"Se no PSD continuarmos a achar graça a pormos a personalidade acima das ideias, dos princípios e do próprio partido vamos pelo mau caminho", apontou, dizendo que o PSD só encontrará caminho se deixar de "parecer uma gaiola das malucas".