Onze dias após as eleições legislativas foram contabilizados os votos dos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, tendo sido o resultado divulgado no site da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna - Administração Eleitoral.
Os tradicionais partidos foram os vencedores dos círculos da Europa e de fora da Europa: PS e PSD elegeram dois deputados cada um dos quatro que faltava atribuir.
Assim, o PS passa de 106 a 108 mandatos, enquanto o PSD chega aos 79 com as atribuições de hoje. No caso socialista, quem irá assumir o lugar do eleito Augusto Santos Silva será Paulo Porto Gonçalves (PS), uma vez que o primeiro faz parte da composição do Governo. O segundo mandato foi atribuído a Paulo Pisco.
Já no que diz respeito ao PSD, os eleitos foram José Cesário e Carlos Alberto Gonçalves
Destaque ainda para a expressiva contagem de votos nulos: foram mais de 33 mil, totalizando 22,33% dos votos, enquanto a taxa de abstenção se cifrou em 51,43%.
Os votos dos consulados acabaram de ser contabilizados, na manhã desta quinta-feira, no Pavilhão do Casal Ventoso, em Lisboa, onde está montada a Assembleia de Recolha e Contagem dos Votos com 100 mesas: 70 para o círculo da Europa e 30 para o círculo fora da Europa.
De referir que o número de eleitores registados no estrangeiro ascende a 1.466.754, e a esmagadora maioria - 1.464.514 - optou pela votação pela via postal.
O notável crescimento da participação eleitoral dos portugueses residentes no estrangeiro comprova que temos de continuar a reforçar os laços de cidadania da nossa diáspora, cientes de que onde está uma portuguesa ou um português, está #Portugal.
— António Costa (@antoniocostapm) October 17, 2019
Em 2015, os eleitores residentes no estrangeiro eram cerca de 300 mil, mas o recenseamento automático elevou o registo para mais de 1,4 milhões.
Deste total, apenas 2.240 preferiram votar presencialmente nos consulados, 204 no círculo da Europa e 2.036 no círculo fora da Europa. Para tal, foram disponibilizados 79 locais de voto.
Quem optou pelo voto via postal, deveria ter enviado o boletim até 06 de outubro, dia da eleição, documento que tinha de chegar a Portugal até ontem, quarta-feira.
De acordo com o mais recente relatório da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna, até terça-feira foram recebidas "147.154 cartas resposta" remetidas pelos eleitores emigrantes.
A agência Lusa conta que dentro dos mais de 150 mil envelopes que chegaram à assembleia de apuramento dos votos dos círculos da emigração, em Lisboa, não estão apenas boletins de voto e até contas e cheques apareceram.
"Já encontrámos um cheque, já encontrámos duas folhas de pensão, uma conta para pagar de luz", tudo na mesma mesa, conta aos jornalistas Joaquim Morgado, secretário-geral adjunto para a Administração Eleitoral, indicando que estes documentos foram guardados e serão devolvidos a quem os remeteu.
A última vez que os socialistas tinham conseguido eleger um deputado pelo círculo Fora da Europa foi nas legislativas de 1999, quando António Guterres era líder do PS e primeiro-ministro e conseguiu exatamente metade dos mandatos na Assembleia da República.
O PS conseguiu então vencer a eleição nos círculos da emigração, elegendo os dois deputados pelo círculo da Europa e um pelo de Fora da Europa, que se somaram aos 112 eleitos no continente e regiões autónomas.
Com metade dos deputados, os socialistas foram então obrigados a negociar a aprovação dos orçamentos, a última das vezes com a colaboração do deputado dissidente do CDS Daniel Campelo, ex-presidente da Câmara de Ponte de Lima, no que viria a ser conhecido como o orçamento limiano.
Desde então o PS tem vindo a conseguir equilibrar a eleição no círculo da Europa, dividindo os dois deputados com o PSD, mas perdendo os outros dois mandatos para o PSD por Fora da Europa.