Os transportes públicos são "uma matéria sobre a qual 'Os Verdes' também têm batalhado insistentemente, sobretudo na anterior legislatura", começou por sinalizar o deputado.
"Nós já há muito que percebemos que é necessário os transportes públicos num patamar em que sejam, de facto, uma verdadeira alternativa para os cidadãos à utilização do transporte individual", assinalou José Luís Ferreira.
Na ótica do PEV, "depois dos avanços que se conseguiram na anterior legislatura no que diz respeito ao passe social, seria até um crime que não se apostasse agora do lado da oferta, porque isso seria quase como convidar as pessoas a deixarem ou a abandonarem os transportes públicos".
Notando que a redução do preço dos passes foi uma medida positiva para os orçamentos familiares e para o ambiente, porque visou aumentar a sua utilização, o parlamentar avisou que "tudo isto vai por água abaixo se não houver investimento a sério do lado da oferta".
Assim, José Luís Ferreira quis saber se haverá "um investimento a sério nos transportes públicos" e "qual a disponibilidade do Governo para alargar, do ponto de vista do território, as medidas que se tomaram ao nível do passe social para o resto do território", o que seria "um passo de gigante" para o ambiente e em termos da mobilidade das populações, sobretudo no interior do país.
Num pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro, depois de António Costa ter apresentado aos deputados o programa do XXII Governo Constitucional, José Luís Ferreira falou também da ferrovia, notando ser "muito significativo" que o documento encare esta área "como uma aposta".
"Se for levada a sério pode marcar mesmo uma viragem na forma de olhar para as políticas de mobilidade, que se querem sustentáveis", frisou o ecologista.
Sobre esta matéria, o líder da bancada -- que conta com mais uma deputada, Mariana Silva -- questionou também o primeiro-ministro se há lugar para "novos contratos de trabalhadores" para a EMEF.
Numa outra nota, o deputado do PEV assinalou que o reforço de verba previsto no que diz respeito à NATO é "um sinal muito negativo".
Na ótica do PEV, igualmente negativo é o facto de "o Programa de Governo não ter uma único referência ao grave problema que o amianto representa".
Entre os sinais positivos, o deputado falou na abolição dos "plásticos não reutilizáveis até 2020", a previsão de um "investimento forte ao nível dos serviços públicos", ou a "antecipação do prazo para o encerramento das centrais do Pego e de Sines".
Em resposta, o líder do executivo socialista fez questão de tranquilizar o parlamentar do PEV.
"Se o investimento é a sério nos transportes públicos? É. Os concursos estão abertos, estão em curso, e vão começar a chegar as composições, os navios e os comboios ao longo desta legislatura", estimou.
Notando que "o calendário é conhecido", António Costa esclareceu que não entram em funcionamento mais rapidamente porque o concurso apenas foi lançado pelo último Governo, no qual também foi primeiro-ministro.
"Infelizmente comprar comboios não é como ir ao 'stand' de automóveis, é necessário fazer o concurso, é necessário cumprir as regras todas legais do concurso, é necessário fazer a adjudicação, e só aí é que os comboios começam a ser produzidos. E por isso leva tempo", sublinhou.
Sobre a EMEF, o primeiro-ministro recorreu a uma resolução de Conselho de Ministros, aprovada em julho, e que "permite definir o embrião de uma nova política industrial na área da ferrovia, trata-se muito mais do que reforçar a EMEF".
Quanto ao programa de apoio à redução tarifária, "é um programa que já é para todo o país, e que é utilizado à medida das necessidades por cada área metropolitana ou por cada comunidade intermunicipal".