O investimento na Saúde anunciado esta quarta-feira pelo Governo aproxima o Bloco de Esquerda da viabilização do Orçamento do Estado que será apresentado na próxima segunda-feira? Essa é uma resposta que, para já, ficou sem resposta na entrevista de Catarina Martins à antena da RTP3. Este é apenas um dos "passos", defendeu a bloquista.
No espaço da 'Grande Entrevista', a líder partidária começou por analisar o reforço do orçamento da Saúde em 800 milhões de euros e a contratação de 8.400 trabalhadores. Catarina Martins considerou que, de facto, esta resolução do Conselho de Ministros "é central" para o Bloco de Esquerda e "é uma primeira resposta às preocupações" do partido.
Recordou Catarina Martins que o BE propôs "explicitamente que houvesse um aumento do Orçamento do Estado em 800 milhões de euros que é o valor que permite cobrir a suborçamentação do SNS". E o Governo "parece ir ao encontro desta preocupação.
Porém, a bloquista aproveitou para enfatizar que a medida "não cobre todas as preocupações". Para além "do investimento, o BE coloca questões sobre a execução. O SNS precisa de investimento, mas também precisa de regras para funcionar. Sinalizámos matérias como a contratação de trabalhadores, mas o Governo não diz qual o aumento líquido". Isto é, Catarina Martins defende que o anúncio da contratação de novos profissionais não explicita se cobre o número de trabalhadores que vão sair do SNS.
O Bloco de Esquerda apresentou, como recordou a entrevistada, "um programa de 15 pontos para o SNS e o relatório diz que precisamos de 8 mil pessoas no próximo ano". Mas há outros aspetos que o partido destaca. A "exclusividade também é importante e deve começar pelos diretores clínicos" e "sobre essa matéria o Governo é omisso".
Para além deste aspeto, Catarina Martins reforçou também a necessidade de reforço da autonomia na contratação por parte dos administradores hospitalares. "O Governo propõe autonomia para fazer substituições, mas precisamos de autonomia para contratação de lugares para especialistas que estão vazios".
O Bloco de Esquerda, acrescentou, já tinha "sinalizado que estamos muito perto do OE mas não víamos nenhum resultado. Hoje vimos uma das medidas e noutros campos aguardamos resposta, como nos salários, no trabalho por turnos e na habitação". Ora, de acordo com Catarina Martins, "o PS tem de saber que não teve maioria absoluta e tem um mandato para negociar uma solução. E para negociar um Orçamento tem de ir ao encontro das propostas. Hoje foi dado um passo, mas foi apenas um dos que temos de dar".
Já quanto à possibilidade de o Orçamento do Estado poder vir a ser aprovado com os votos dos deputados do PAN, do PSD Madeira e do Livre, dispensando o Bloco de Esquerda, Catarina Martins classificou esse cenário como "bizarro". O BE, defendeu, "tem tido uma postura muito coerente. Apresentámos aquilo que para nós é essencial. Um Orçamento do Estado, para ser aprovado, tem de responder à emergência das pensões, da Segurança Social e das pensões".