PS pode ultrapassar um quarto de século de poder consecutivo nos Açores

Os açorianos vão ser chamados às urnas em 2020 para elegerem a nova composição da Assembleia Legislativa Regional, num arquipélago em que o PS governa há 23 anos.

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Lusa
25/12/2019 12:50 ‧ 25/12/2019 por Lusa

Política

2020

Vasco Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve 16 anos no poder, deve apresentar-se de novo a votos, na procura de um terceiro e último mandato como chefe do executivo.

Antes dos socialistas, os sociais-democratas governaram por 20 anos a região.

Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu as eleições com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).

As outras forças políticas representadas na Assembleia Legislativa foram o BE, com 3,6% (dois mandatos), a coligação PCP/PEV, com 2,6% (um), e o PPM, com 0,93% dos votos expressos (um).

No mais recente ato eleitoral, para as legislativas nacionais de 2019, estavam recenseados e aptos a votar nos Açores 228.975 eleitores.

Com a hegemonia socialista dos últimos 23 anos, sucederam-se os líderes na direita dos Açores. Este mês, foi eleito líder do PSD regional José Manuel Bolieiro, vice-presidente da direção nacional de Rui Rio e presidente do maior município dos Açores, Ponta Delgada.

Alexandre Gaudêncio, eleito líder do PSD/Açores em setembro de 2018, é alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeita de violação de regras de contratação pública, de urbanismo e ordenamento do território enquanto presidente do município da Ribeira Grande, tendo anunciado a sua saída do cargo partidário em 15 de outubro.

A crise da direita na política açoriana estende-se ao CDS-PP, no qual Artur Lima vê a sua liderança contestada por outros militantes - o vice-presidente da estrutura partidária, Luís Silveira, também presidente da Câmara Municipal das Velas de São Jorge, anunciou já a candidatura para a sucessão.

No partido aguarda-se pela marcação de um congresso, que já esteve agendado para este mês, mas foi entretanto adiado para data ainda a definir.

O atual líder do CDS-PP/Açores tem vindo a viabilizar os sucessivos Planos e Orçamentos dos governos socialistas, o que, segundo os analistas políticos regionais, pode ser interpretado como uma possível colagem à esquerda, caso o PS não volte a ter maioria absoluta pela eventualmente longa exposição ao poder.

A gestão partilhada do mar dos Açores, em apreciação na Assembleia da República, e os problemas financeiros da transportadora regional SATA, cuja dívida é de cerca de 300 milhões de euros, constituem alguns dos desafios da próxima legislatura no arquipélago.

A transportadora aérea fechou 2018 com um prejuízo de 53,3 milhões de euros, um agravamento de 12,3 milhões face ao ano de 2017.

Um novo conselho de administração, liderado pelo antigo gestor da TAP Luís Rodrigues, assume funções no começo do ano, assumindo que as medidas de reestruturação para salvar a empresa, além de "doer, vão demorar".

Sobre a gestão partilhada do mar dos Açores, o atual executivo quer uma nova lei que englobe a "transferência para as regiões autónomas de competências da administração central quanto ao espaço marítimo sob soberania ou jurisdição nacional adjacente aos respetivos arquipélagos, salvo quando esteja em causa a integridade e soberania do Estado".

A saúde, a educação, o desemprego jovem, a agricultura e os índices de pobreza constituem outros dos temas que deverão marcar a nova legislatura.

No caso da saúde, a oposição condena as listas de espera para cirurgias, que "ultrapassam os limites legais", e também para consultas, bem como o "subfinanciamento" e a "má gestão" do Serviço Regional de Saúde, enquanto o Governo Regional fala em "evolução nos últimos anos".

Segundo o mais recente relatório PISA (Programme for International Student Assessment), os Açores registaram dos piores resultados em Portugal, tanto em leitura, como em ciências e matemática, piorando em relação a 2015, o que o Governo Regional desvaloriza por entender que a amostragem é pouco significante.

Na agricultura, setor com grande dimensão social e económica nos Açores, os lavradores têm vindo a ser penalizados pela redução do preço do leite à produção após o desmantelamento do regime de quotas na União Europeia, o que tem conduzido a falências.

Quanto à pobreza, os dados mais recentes revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que os Açores são a região do país em que uma maior percentagem da população (13,1%) vive em "privação material".

A taxa de desemprego nos Açores tem sido das mais altas do país, sobretudo ao nível dos jovens, segundo dados do INE.

O presidente do Governo Regional sublinhou em 06 de dezembro a diminuição do desemprego, que em 2014 era de 17,3% e no 3.º trimestre de 2019 estava nos 7,3%.

Desde 1976 que os Açores passaram a ser uma região autónoma com órgãos de governo próprios. Naquele ano venceu o PSD, liderado por Mota Amaral, que se manteve no poder durante 19 anos, até 1995. Seguiu-se-lhe Madruga da Costa (um ano).

Em 1996, o socialista Carlos César ganhou as eleições, vitória que repetiu em 2000, 2004 e 2008, antes de 'passar a pasta' a Vasco Cordeiro.

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