O coronel Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) acusado de associação criminosa e tráfico e mediação de armas no processo de Tancos, é hoje interrogado pelo juiz Carlos Alexandre na fase instrutória do caso Tancos. Ontem, foi a vez do coronel da GNR Taciano Correia.
De acordo com a TVI, o militar de Loulé, detido em agosto no aeroporto e Lisboa quando regressava de uma missão na República Centro Africana e que à data dos factos era o responsável máximo pela investigação criminal do Comando Operacional da GNR às armas desaparecidas, terá dito, ontem, perante o juiz, que todos sabia de tudo, referindo-se também ao ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes.
Apesar destas declarações, Miguel Sousa Tavares, comentador habitual das segundas-feiras, no Jornal das 8, do canal de televisão de Queluz, admitiu que acredita na inocência do antigo governante.
“Estou perfeitamente convencido que o [ex] ministro da Defesa só soube à posteriori. Não acredito que ele, sendo um homem de Direito, tenha sido estúpido ao ponto de ser confrontado com isto e tenha apoiado ou ocultado, muito menos dado luz verde ao caso. Teria de ser completamente estúpido. E pelo que vi dos autos, não acredito”, asseverou o escritor.
Já sobre a audição de António Costa, Miguel Sousa Tavares conclui, depois de ler as 500 páginas da Defesa de Azeredo Lopes, que nada justifica isso e que apenas se trata de uma “guerra de poder”.
"A partir do momento em que o ministro da Defesa diz ‘eu não tive conhecimento de nada’, o primeiro-ministro também não pode ter tido, porque ele não pode ter comunicado ao primeiro-ministro aquilo de que ele não tinha conhecimento. Acho que estamos perante uma guerra de poder e de estatuto entre o juiz Carlos Alexandre e o primeiro-ministro, que é uma coisa que o juiz Carlos Alexandre adora ter […]. Até parece que o juiz Carlos Alexandre acha que, uma vez frente-a-frente com o primeiro-ministro, vai esticá-lo de tal maneira que o primeiro-ministro vai meter os pés pelas mãos e vai confessar o que ele quer. O que não faz sentido, é uma pura guerra de poder político. Uma guerra política”, frisou o também jornalista.
Recorde-se que o caso de Tancos envolve 23 acusados, incluindo Azeredo Lopes, ex-ministro da defesa do primeiro Governo de António Costa e que se demitiu na sequência do caso, Luís Vieira, o ex-porta-voz da instituição militar Vasco Brazão e vários militares da GNR, que estão acusados de um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.