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O '1X2' entre João Almeida, Lobo d'Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos

O CDS-PP arranca no sábado, em Aveiro, dois dias de congresso com cinco candidatos à sucessão de Assunção Cristas e um desfecho imprevisível, como um totobola, dado que nenhum deles divulga quantos delegados tem do seu lado.

O '1X2' entre João Almeida, Lobo d'Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos
Notícias ao Minuto

12:10 - 23/01/20 por Lusa

Política CDS-PP

Há várias explicações possíveis para tanta indefinição num congresso que tem como candidatos - por ordem de entrada na "corrida" - Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), o deputado e porta-voz João Almeida, o antigo parlamentar Filipe Lobo d´Ávila, do grupo "Juntos pelo Futuro", o ex-presidente da concelhia de Viana do Castelo, Carlos Meira, e o líder da Juventude Popular (JP), Francisco Rodrigues dos Santos.

Em primeiro lugar, este congresso é eletivo e é aí que, de facto, se elege o seu presidente - o CDS já teve eleições diretas, como o PSD ou o PS, mas abandonou-as.

Os candidatos são muitos (5), olhando a história recente do partido, e não há, pelo menos para já, sinais de eventuais desistências.

Os delegados serão 1.160, além das inerências, e, pelo regulamento e estatutos do partido, foram eleitos sem estar vinculados a nenhuma das 15 moções de estratégia global - além das dos cinco, há mais dez, de dirigentes e militantes, entre elas uma do eurodeputado Nuno Melo e do parlamentar Telmo Correia, que não excluem vir a apresentar um candidato mais em cima do congresso.

Depois, até o pormenor da hora a que se fizer a votação, segundo relatam ex-dirigentes ouvidos pela Lusa, pode ter influência, dado que há possibilidade de os delegados optarem por ir descansar e baralhar ainda mais as contas.

Neste quadro, nenhuma das candidaturas divulgou publicamente, até ao momento, qualquer estimativa de apoios de delegados aos três concorrentes que estarão, segundo dirigentes centristas ouvidos pela Lusa nas últimas semanas, em "melhores condições" para vencer - João Almeida, Filipe Lobo d'Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos.

Um ex-dirigente e governante centrista alertou que, neste xadrez, o futuro presidente venha a ser eleito com pouco mais de 35% dos votos, o que pode debilitar a sua liderança.

E é aqui que "entram" as regras dos congressos do CDS: a votação das moções, que deverá acontecer já na madrugada de domingo, é uma espécie de primeira volta para escolher o líder. E quem vencer, por norma, apresenta uma lista candidata à comissão política nacional e demais órgãos do partido.

Mais uma vez sem que ninguém o assuma abertamente, dirigentes do CDS de várias candidaturas admitiram aina à Lusa o cenário de uma "aliança negativa" dos dois derrotados nas moções se tiverem mais votos do que o vencedor.

Foi este cenário que levou o líder da JP, numa entrevista ao Público, na semana passada, a falar numa "norma não escrita" e uma "tradição" no CDS: quem tiver a moção mais votada deve, sem oposição, apresentar as suas listas. E Lobo d'Ávila a repetir, ao longo das últimas semanas, que está indisponível para "acordos" e "arranjinhos".

A avaliar pelas entrevistas de todos os candidatos à Lusa ninguém está disposto desistir, pelo menos até à "primeira volta" da votação das moções e prometem levar a sua estratégia a votos.

Carlos Meira, o candidato de Viana do Castelo, segundo disse à Lusa, em entrevista publicada na terça-feira, está disponível para, durante o congresso, chegar a acordo com Filipe Lobo d'Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos para tentar impedir uma vitória de João Almeida.

Num debate na RTP3, na véspera, Meira falou da ideia, mas os adversários reagiram com uns sorrisos e não deram uma resposta concreta.

Antes de se entrar nesta discussão, despede-se do congresso Assunção Cristas, a líder desde 2016, que decidiu deixar o cargo na noite das legislativas de 06 de outubro, quando o CDS perdeu 13 deputados e ficou reduzido a cinco, com 4,2% dos votos.

Eleita vereadora na Câmara de Lisboa nas autárquicas de 2017, numas eleições em que o partido ficou à frente do PSD, é aí que vai continuar, além da sua atividade de docente universitária.

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