No Martim Moniz, Chega diz que polícias são alvo de "genocídio político"

 O presidente do Chega considerou hoje que os polícias estão a ser alvo de um "genocídio político", numa visita à zona do Martim Moniz, em Lisboa, onde ouviu moradores a pedir mais segurança mas também elogios à comunidade imigrante.

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Lusa
23/12/2024 19:30 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

Ventura

André Ventura falava à imprensa momentos antes de visitar a Rua do Benformoso, na zona do Martim Moniz, em Lisboa, que recentemente foi palco de uma operação policial que gerou polémica e várias críticas públicas por parte de forças políticas e associações de imigrantes.

 

Interrogado sobre que mensagem queria passar com esta visita, Ventura respondeu: "É a mensagem que os políticos deviam ter passado já: a mensagem de que estão ao lado da polícia e não a alinhar neste verdadeiro genocídio que está a ser feito contra a polícia em Portugal, este genocídio político, que é a tentativa de decapitar todos os polícias, dizer que todos são racistas, qualquer ação policial é exagerada, qualquer ação policial não se justifica".

Ventura afirmou que as forças de segurança "estavam a cumprir ordens que lhes foram transmitidas pelas autoridades judiciárias e pelas autoridades administrativas" e a "cumprir mandatos judiciais", defendendo a sua atuação.

O presidente do Chega mostrou-se ainda convicto de que tem conseguido "acordar" o Governo em matérias como "o combate "à imigração ilegal e o acesso à saúde pelos estrangeiros".

"O Chega está... eu não diria a vencer em toda a linha, porque nós não estamos nisto para vencer. Agora que o Chega está a marcar a nova linha política de atuação, isso é uma evidência", disse.

Se no fim de semana mais de uma centena de pessoas percorreu a Rua do Benformoso para distribuir cravos vermelhos, símbolo da revolução que instaurou a democracia no país, desta vez a comitiva do Chega, composta por vários deputados, apareceu munida de rosas brancas, que Ventura caracterizou como símbolo "da lei e da ordem".

Logo no início da sua caminhada, a comitiva foi abordada por alguns imigrantes que queriam oferecer a André Ventura rosas vermelhas, flores que o líder do Chega recusou, antes de trocar algumas palavras com Rana Taslim Uddin, líder da comunidade do Bangladesh em Lisboa.

"Para nós todos são bem-vindos aqui, e nós ficamos contentes, trouxe flores para si", disse o líder da comunidade ao presidente do Chega.

"Nós respeitamos todas as comunidades, o que exigimos é que cumpram regras. E também desculpe dizer isto assim, acho que não me vai levar a mal: eu é que o cumprimento por estar aqui, e não o senhor por estar aqui eu, porque a terra é nossa ainda", respondeu André Ventura.

A caminhada continuou, sempre supervisionada pela segurança do partido e por um forte contingente policial da Equipa de Intervenção Rápida da PSP, que seguia atrás da comitiva.

Ventura não tardou em encontrar uma moradora: "Estou muito mal desde que esta comunidade veio para aqui", afirmou.

Contudo, esta moradora afirmou que "há muitos [imigrantes] que são educados, e há muitos que falam muito bem" consigo.

"O problema que eu tenho ultimamente é querer entrar em casa e eles estarem aos grupos à porta parados na rua. Isso é que eu acho mal. Não deixam a pessoa entrar em casa. (...) É só esse o problema porque eu a dizer verdade nunca tive problema com pessoa nenhuma", acrescentou.

Ventura disse não estar em causa "a nacionalidade" dos cidadãos mas sim "os grupos cumprirem as mesmas regras".

Mais adiante, junto a uma mercearia, António Barroso, morador da Rua do Benformoso há 55 anos, contou a Ventura que por vezes alguns taxistas recusam levá-lo a casa por já terem sido assaltados naquele local, e relatou uma tentativa de assalto da qual foi vítima.

Interrogado sobre se as suas queixas se dirigiam à comunidade imigrante, António Barroso respondeu: "Não ando aqui a identificá-los. Eu sei o que se passa mas a comunidade imigrante, normalmente, é pacífica, não tenho grandes problemas. Muitos desses que andam aí a vender até são meus amigos", disse, antes de pedir um reforço da presença policial na zona.

Perante o aparato mediático, vários residentes filmavam e tiravam fotografias a Ventura, que também ouviu críticas de quem passou e gritou "25 de Abril sempre" - com a comitiva a devolver gritos de "Democracia" e "Chega".

Um morador, que não quis falar com o deputado, exclamou: "Diz mal dos imigrantes na televisão e depois vem para aqui cumprimentá-los. Eu moro neste bairro, o problema não são os imigrantes".

Para adoçar a visita, um comerciante do Bangladesh tentou oferecer a Ventura doces tradicionais daquele país, mas o deputado recusou.

No final, Ventura disse sair do bairro com a "sensação de que faz falta muito mais polícia" neste local e de que é necessário "recomendar ao Governo uma presença policial massiva".

[Notícia atualizada às 20h53]

Leia Também: Ação da PSP no Martim Moniz? "Não há indícios de qualquer ilegalidade"

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