Francisco Rodrigues dos Santos vai ser eleito o novo presidente do CDS

A eleição é formalizada hoje de manhã, quando forem a votos as listas da futura direção nacional.

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Lusa
26/01/2020 03:47 ‧ 26/01/2020 por Lusa

Política

Congresso CDS

A moção de estratégia de Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular e conhecido por 'Chicão', foi a mais votada no 28.º congresso do CDS, em Aveiro. Intitulada 'Voltar a acreditar', reclamava uma mudança no partido e obteve 671 votos (46,4%).

Atrás ficou a moção do deputado João Almeida, com 562 e a de Filipe Lobo d`Ávila, com 209 votos. Quer João Almeida quer Lobo d`Ávila adiantaram que vão apresentar listas apenas ao Conselho Nacional, cumprimentando Rodrigues dos Santos pela vitória da sua moção de estratégia para os próximos dois anos. A quarta moção que foi a votos, de José Ângelo da Costa Pinto, teve três votos (0,02%). Registaram-se três votos brancos e nulos e no total, votaram 1.449 delegados.

Com este resultado, e depois de João Almeida e Lobo d´Ávila terem reconhecido a vitória do líder da JP, pode considerar-se futuro líder do CDS-PP.

A eleição é formalizada na manhã deste domingo, quando forem a votos as listas da futura direção nacional. Entre as 09h30 e as 12h30 decorrerá a eleição para os órgãos de direção, seguindo-se a apresentação de moções setoriais e o encerramento, às 13h30, com o discurso do futuro líder do CDS.

Se ao início da tarde as candidaturas adversárias de Rodrigues dos Santos relativizavam o significado dos aplausos ao candidato da Juventude Popular, ao final da noite já admitiam que estava "renhido" e mais tarde que ganharia. Ao todo, retirando as interrupções de uma hora para almoço e jantar, o primeiro dia prolongou-se por 14 horas e terminou na madrugada de domingo.

O primeiro dia

A jornada começou cerca das 11h00, com uma breve homenagem a Diogo Freitas do Amaral, fundador do partido que morreu em outubro passado, com os delegados a cumprirem um minuto de silêncio também por outros dirigentes já falecidos. 

A manhã do primeiro dia foi ainda marcada pela despedida de Assunção Cristas, que assumiu ter falhado nos objetivos: "Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-me hoje reconhecer uma evidência: falhei o resultado", afirmou. Nas primeiras intervenções dos principais candidatos à liderança, foi Francisco Rodrigues dos Santos a levantar a sala com um discurso inflamado em defesa de um "partido popular interclassista" e com valores de direita.

O descontentamento com o resultado eleitoral obtido pelo CDS-PP nas legislativas de outubro passado - 4,25 % e cinco deputados eleitos, menos 13 do que os eleitos em 2015 - foi visível ao longo da tarde, com muitos delegados a advertir para o "descrédito" do CDS junto dos eleitores e a reclamar uma mudança de direção do partido. Entre as dezenas de intervenções das chamadas "bases" do partido, alguns delegados advertiram que o CDS não perdeu só votos como militantes e exigiram mudança.

João Almeida, apontado pelo adversário Abel Matos Santos - que desistiu em favor de Rodrigues dos Santos - como o candidato da "continuidade" e do "mais do mesmo" procurou desfazer essa ideia, invocando a sua experiência como secretário de Estado e parlamentar, e apresentou-se como aquele que "pode unir" o partido.

Momentos de tensão

Ao final da tarde, o 28.º Congresso viveu momentos de tensão quando o antigo ministro da Economia Pires de Lima se dirigiu, no púlpito, a Francisco Rodrigues dos Santos para lhe pedir respeito pelos adversários, advertindo que se lhe deve "dar tempo" para "apurar a sua cultura democrática". Pires de Lima foi vaiado por grande parte da sala e, a seguir, o ex-dirigente Adolfo Mesquita Nunes fez uma intervenção em sua defesa, criticando quem apupou um ministro que "tirou o país da bancarrota".

Lobo d'Ávila considerou ser "o único que consegue fazer pontes com aqueles que são os outros dois candidatos", Francisco Rodrigues dos Santos e João Almeida, e o único "capaz de contribuir para a união deste partido".

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