O comentador Luís Marques Mendes fez uso do seu espaço de comentário semanal, deste domingo, para falar sobre o 38º congresso do Partido Social Democrata (PSD) que, segundo considerou, "correu bem" a Rui Rio.
Segundo o social-democrata estes "congressos depois das eleições diretas são de um modo geral a festa do líder". "Não teve novidades, foi um cumprir de calendário", acrescentou.
Prosseguindo para elencar porque é que "correu bem", o antigo líder do PSD, deu conta de que "foi um congresso tranquilo, segundo porque Rui Rio de modo geral esteve bem nos dois discursos que fez, não são discursos marcantes, mas são discursos bem estruturados, sobretudo o último".
"Um outro dado interessante foi a disponibilidade de colaboração do líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, que foi hoje ao encerramento e que aproveitou muito bem o tempo de antena que teve para apresentar o seu programa e dizer ao PSD que está disponível para coligações e entendimentos em autárquicas e depois nas legislativas", continuou, referindo que isso "é bom e positivo para o futuro de Rui Rio".
O comentador destacou duas intervenções feitas no Congresso: Paulo Rangel "que teve a intervenção, do ponto de vista da oposição ao Governo, o mais assertiva" e aquela "que quase ninguém notou" que foi a de José Eduardo Martins que "a explicar o divórcio entre o PSD e os portugueses foi muito feliz e acutilante".
Por fim, Marques Mendes sublinhou ainda a moção de Miguel Poiares Maduro por ser "das poucas moções que tem causas novas, ideias novas, boas e justas para melhorar o sistema político".
Questionado sobre se a paz estará garantida no partido durante mais dois anos, o advogado deu conta de que "Rui Rio vai ter a vida mais facilitada nos próximos dois anos do que teve até aqui", porque, continua, "não vai ter oposição interna organizada, não vai ter nenhum adversário de relevo e vai ter a vida muito facilitada nas eleições autárquicas, porque as últimas correram pessimamente ao PSD, portanto mesmo que não ganhe é sempre uma vitória".
Finalmente, refere, "o mais importante é que Rui Rio vai contar agora a favor dele com o desgaste do Governo. Quanto mais tempo passa mais o Governo se desgasta, entrou na curva descendente, e isso vai notar-se entre este ano e 2021". O atual líder do PSD, acrescenta o comentador, "pode vir ainda a contar com uma vantagem adicional, talvez algo que não está à espera" que é o facto de poder não ter "António Costa pela frente como o seu concorrente, como seu adversário", porque "se as eleições decorrerem no prazo normal cumprido o mandato tradicional, em 2023, acho que António Costa já não vai a jogo" e "é sempre mais fácil ir contra o sucessor de António Costa".
Segundo o social-democrata, o maior desafio de Rio são as "causas, propostas, soluções para apresentar aos portugueses". "Neste congresso discutiu-se muito PSD mais à direita, ao centro, mais para aqui mais para ali, mas para as pessoas isso é música celestial, é geometria descritiva, o que as pessoas querem são causas, soluções, no Ambiente, na Saúde, na Economia, nos impostos e é isso que falta".
"Essa foi a falha do congresso. Houve muitos diagnósticos, muita consideração da política pura, mas faltam causas", rematou.
O 38º congresso do Partido Social Democrata decorreu em Viana do Castelo entre sexta-feira e este domingo e contou com várias intervenções.