Em declarações à agência Lusa, o deputado João Almeida assinalou que a reunião do Conselho Europeu de quinta-feira foi "bastante preocupante porque este momento, sendo decisivo para os estados-membros, para as empresas e sobretudo para as pessoas, é também um momento decisivo para a União Europeia".
"E, portanto, espera-se que a União Europeia esteja à altura e consiga efetivamente mostrar a sua utilidade", salientou.
Na ótica do deputado centrista, "é fundamental que a União Europeia mostre aquilo que é uma das razões de ser da sua existência, que é a solidariedade entre estados-membros" e "estes impasses e até o clima da reunião e, principalmente aquilo que veio a público sobre as declarações do ministro das Finanças holandês, mostram o pior lado da União Europeia".
Apontando que "essa solidariedade não pode ser construída num clima de conflito ou num clima até de punição", João Almeida defendeu que o "clima tem que ser construtivo, tem que haver naturalmente compromissos, regras, mas tem que haver abertura para que a solidariedade se concretize e se possa apoiar quem mais precisa".
Esta é uma "altura em que todos precisam porque, infelizmente, esta pandemia atinge todos os estados-membros da União", indicou.
Sobre as declarações do primeiro-ministro - que na quinta-feira qualificou de "repugnante" e contrária ao espírito da UE uma declaração do ministro das Finanças holandês pedindo que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia -- João Almeida disse que "o comentário" de António Costa "revela uma preocupação" que o CDS partilha.
"A União Europeia conseguir efetivamente mostrar a sua utilidade. Se a União Europeia não mostrar a sua utilidade num momento como este, é muito difícil que as populações em cada um dos estados-membros vejam na União Europeia essa razão de ser", alertou o parlamentar.
Os chefes de Estado e de Governo da UE acordaram na quinta-feira uma declaração na qual "convidam" o Eurogrupo a apresentar dentro de duas semanas propostas que tenham em conta os choques socioeconómicos sem precedentes causados pela pandemia de covid-19.
O Conselho Europeu não chegou, porém, a um consenso sobre um instrumento comum de emissão de dívida, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, na quinta-feira.
Após a videoconferência que juntou os líderes dos 27, ficou "a discussão em aberto" sobre os chamados 'coronabonds', a emissão de dívida europeia para financiar ações em todos os países, disse o primeiro-ministro à imprensa em Lisboa após o final do Conselho Europeu extraordinário.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.