Aulas no 3.º período? Bloco de Esquerda defende tele-escola

O BE apresentou hoje no parlamento um projeto de resolução para recomendar ao Governo que as aulas do terceiro período sejam dadas com recurso a tele-escola, devido à covid-19, e que só seja avaliada a matéria lecionada presencialmente.

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© Blas Manuel

Lusa
01/04/2020 15:29 ‧ 01/04/2020 por Lusa

Política

Covid-19

 

"O Bloco de Esquerda tem uma proposta de organização do terceiro período que passa em primeiro lugar pela tele-escola porque a televisão é a ferramenta que as crianças mais têm em casa", afirma a deputada Joana Mortágua num vídeo divulgado hoje pelo partido.

Na apresentação do projeto, a parlamentar explica que os "conteúdos relativos a todos os anos escolares" devem ser "disponibilizados em canal aberto, em Televisão Digital Terrestre (TDT)", sendo para isso "mobilizados os vários canais ainda disponíveis", existindo também um complemento "com exercícios disponíveis numa plataforma a única, de simples utilização, que deve ser criada pelo Ministério da Educação".

"Ainda ninguém sabe se vão continuar suspensas as aulas presenciais, mas é importante garantir que o país está preparado para um modelo de ensino a distância que cumpra os princípios da igualdade e da universalidade do direito à educação", salienta Joana Mortágua.

O BE recomenda igualmente que os contactos entre os estabelecimentos de ensino e os alunos devem ser feitos "por um professor, o diretor de turma, que deve ficar responsável pelo acompanhamento pedagógico mas também pela identificação e sinalização de situações de risco ou de isolamento das crianças".

Quanto à avaliação, a bloquista defende que "é preciso compreender que num ano atípico também a avaliação tem de ser diferente para ser justa".

Na ótica do partido, "só deve contar para nota a matéria que foi lecionada presencialmente e isto deve contar também dos exames nacionais de acesso ao ensino superior" e o Governo "deve avaliar a oportunidade dos exames nacionais e quando é que os deverá marcar, fazendo isso sempre em contacto com as instituições de ensino superior".

"Em terceiro lugar, devem ser suspensas as provas de aferição e a prova final do 9.º ano", advoga Joana Mortágua.

A deputado do BE salienta ainda que "num momento tão difícil como este", com as escolas fechadas desde meados de março como medida para evitar a propagação da covid-19, é "importante garantir que nenhuma criança fica para trás".

"Se cometêssemos um erro agora, isso poderia prejudicar a vida de muitas crianças no futuro e é isso que temos todos que evitar para garantir uma educação de qualidade com justiça e com igualdade para todas as crianças", acrescenta.

No projeto de resolução apresentado hoje na Assembleia da República, o BE aponta que, "havendo um alargado consenso sobre a necessidade de estratégias de ensino à distância para garantir que as crianças não perdem contacto com a realidade escolar, é preciso evitar os riscos de aprofundamento das desigualdades e de isolamento dos alunos".

O partido identifica "problemas relacionados com o ensino a distância" e o teletrabalho, falando em alunos e docentes "assoberbados de tarefas", dificuldades ao nível do domínio das tecnologias e em ter espaços isolados em casa para recriar o ambiente escolar, e, "mais grave, "deixou de fora uma larga franja de alunos/os por falta de equipamento informático, acesso à Internet ou dispositivos móveis compatíveis com as atividades exigidas".

O BE assinala ainda que "o Ministério da Educação e as autarquias devem ser responsáveis pela disponibilização dos vários materiais e equipamentos a que os alunos não tenham acesso em casa".

Hoje, o primeiro-ministro adiantou que o Governo está a preparar uma solução assente na TDT para assegurar as aulas no período em que as escolas estão encerradas por causa da pandemia da covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera, e 8.251 casos de infeções confirmadas.

 

 

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