Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), defendeu, este sábado, que a atividade da banca deve ser regulada em tempo de pandemia sublinhando que "os bancos não podem lucrar com a crise" provocada pelo surto do novo coronavírus.
"Nos últimos anos, os bancos receberam milhares de milhões de euros públicos. É agora o momento de serem solidários com o resto da economia", começou por apontar a líder bloquista num vídeo enviado às redações.
Recordando que "os banqueiros têm dito que querem colaborar, mas sentem que estão a ser maltratados no debate público", Catarina Martins vincou que não está em causa um "debate sobre boa ou má vontade" mas sim sobre factos que revelam que a banca tem contado com o apoio do Estado e do Banco Central Europeu (BCE), que não tem demonstrado uma posição solidária e que se remeteu a 'lucrarar' com a crise.
"Precisamos de regras: fim das comissões e limites nos spreads, obrigação de informação e não discriminação no acesso às moratórias, proibição de distribuição de dividendos e de pagamento de prémios a administradores. Ativar a solidariedade", advocou a coordenadora do BE.
Sobre os apoios já concedidos à banca, Catarina Martins sublinhou que "logo no início da crise, o BCE tomou duas decisões: Alterar as regras para permitir aos bancos concederem mais crédito e aumentar os programas de empréstimo a juro negativo. Ou seja, o BCE paga para os bancos emprestarem às empresas".
"Por sua vez, o Governo português pediu aos bancos a implementação de moratórias nos créditos de quem está afetado pela crise e criou linhas de crédito com garantia pública. Ou seja, os bancos não correm risco, porque o Estado garante os créditos", prosseguiu.
Para a dirigente, até ao momento, os bancos apenas "adiaram o mais que puderam a implementação das moratórias, venderam créditos com comissões e spreads altos e recusaram dar informação sobre as condições mais favoráveis aos seus clientes", lucrando assim com a conjetura atual.
De recordar que esta quinta-feira, durante o plenário em que foi votada a renovação do Estado de Emergência, Rui Rio afirmou que se a banca lucrar com esta crise será uma "vergonha" e uma "ingratidão".